Pesquisa expõe problemas de animais silvestres mantidos como pets
O relatório é parte da campanha "Animal silvestre não é pet", lançada pela ONG Proteção Animal Mundial
O comércio de animais silvestres como bichos de estimação, seja este ilegal ou não, é uma prática cruel que gera inúmeros sofrimentos a espécies nativas do Brasil. Além disso, é um incentivo ao tráfico de animais, que representa uma das maiores ameaças para a fauna no mundo. As conclusões são do relatório “Crueldade à Venda”, apresentado pela organização Proteção Animal Mundial.
De acordo com a pesquisa, atualmente, mais de 37 milhões de aves são criadas em domicílios brasileiros e cerca de três milhões de pássaros vivem em gaiolas em 400 mil criadores amadores legalizados. O relatório é parte da campanha “Animal silvestre não é pet”, lançada pela Proteção Animal Mundial para conscientizar a população sobre a importância de conservar os animais silvestres em seu habitat natural.
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“A população precisa entender que animais silvestres não devem ser mantidos como bichos de estimação. Diferente de cães e gatos, esses animais não passaram pelo processo de domesticação e apresentam características naturais incompatíveis com a vida em cativeiro, o que gera um enorme sofrimento para eles”, explica o gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial, Roberto Vieto.
“Mesmo tendo todo cuidado, carinho e atenção, é impossível satisfazer as necessidades de bem-estar desses animais e permitir a expressão de seus comportamentos naturais quando mantidos como pets”, afirma Vieto, explicando que o objetivo da campanha “Animal silvestre não é pet” é esclarecer essa questão para possíveis compradores de animais silvestres.
“Para aquelas pessoas que já possuem um bicho de estimação silvestre legalizado em casa, a orientação é para que não o solte ou abandone este animal, e que procure assistência veterinária especializada para tentar oferecer os melhores cuidados possíveis”, diz o veterinário.
Segundo os dados da pesquisa, no Brasil os animais silvestres mantidos como pets mais comuns são as aves, principalmente passarinhos e aves canoras, seguido por psitacídeos, como araras, papagaios e periquitos. O estudo também revelou que 46% dos brasileiros compram animais silvestres de maneira impulsiva, o que demonstra uma decisão baseada em falsa expectativa e que pode comprometer o bem-estar da espécie e gerar sofrimento.
A maioria dos compradores (39%) revela que família, amigos e pessoas próximas são a maior influência para a compra de animal silvestre, mas as mídias sociais também exercem uma grande influência no comportamento dos compradores. Os conteúdos disponíveis no YouTube, por exemplo, são o terceiro maior responsável por esse incentivo no Brasil (23%).
“Trata-se de uma indústria, que além de perpetuar uma prática cruel, estimula o tráfico de animais silvestres. Prova disso é que as 70% espécies mais criadas comercialmente e mantidas em criadores amadoristas são também as espécies mais traficadas. Os esforços para proteger a fauna silvestre devem estar dirigidos para preserva-los no seu habitat natural, cuidar da natureza, e promover uma cultura de respeito pelos animais silvestres”, explica Vieto.