PF diz ter comprovado que estupro e morte de menina Yanomami não aconteceu
A denúncia, que tem mobilizado muita gente nas redes sociais e no parlamento, brasileiro teve origem num mal-entendido, segundo a PF
Após denuncia de que garimpeiros teriam estuprado e matado uma menina, de 12 anos, da comunidade Aracaçá, na Terra Indígena Yanomami, a Polícia Federal (PF) abriu investigação e constatou que tais crimes não aconteceram.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 6, em Boa Vista, capital de Roraima, onde fica a Terra Indígena Yanomami, a Polícia Federal afirmou que a denúncia, que tem mobilizado muita gente nas redes sociais e no parlamento, brasileiro teve origem num mal-entendido.
Segundo disse a PF, pelas investigações e depoimentos de indígenas da região, eles descobriram que as informações sobre o estupro e morte da menina, de 12 anos, veio de um vídeo institucional de uma ONG, que teria sido assistido por um indígena, que contou a história oralmente a um parente.
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“Este segundo indígena inferiu, a partir dos elementos que tinha, que membros de sua comunidade teriam sido vítimas da violência apresentada no vídeo. Tal fato o teria levado a entrar em contato com a liderança indígena responsável pela formalização da denúncia”, disse a PF, em nota.
A historia ganhou repercussão na última semana, quando o líder Júnior Hekurari denunciou o estupro seguido de morte da adolescente. Além disso, uma criança mais nova teria caído no rio e desaparecido.
Desde então, houve a visita de policiais federais no local, mas, de acordo com lideranças Yanomami, os garimpeiros subornaram os indígenas com ouro e os ameaçaram, e por isso eles teriam fugido da aldeia.
Com a denúncia e o desaparecimento dos indígenas, simpatizantes da causa têm cobrado ações do governo e diversos protestos acontecendo nas redes sociais com a frase “cadê os Yanomamis?“.
Além disso, a denúncia também mobilizou forças políticas no Brasil. Segundo o procurador-geral da República, Augusto Aras, é preciso “esclarecer o que realmente aconteceu é prioridade para o MPF” e a Câmara Federal criou uma comissão externa para apurar a questão. Ainda, senadores planejam viajar a Roraima na próxima semana.
Porém a versão da Polícia Federal é de que “em relação a eventual desaparecimento de indígenas que residiram na tribo, a investigação apontou que, ao menos, nove Yanomamis moram no local, sendo que seis foram contatados presencialmente no primeiro dia das diligências no local e outros três – uma mulher e dois netos – estão em Boa Vista para tratamento de saúde da mulher. Por fim, outros indígenas que residiam no local teriam se mudado para outra comunidade, conforme relatado pela própria liderança indígena que encaminhou a denúncia dos crimes”.
“Todos os indígenas residentes na comunidade Aracaça foram entrevistados no primeiro dia da ação policial, ocasião em que a Polícia Federal destruiu infraestrutura de suporte ao garimpo ilegal na região, com a queima de mais de 17 mil litros de combustível, barracos e outros bens”, informou ainda a PF.
Por fim, a PF ressaltou que as investigações ainda não acabaram e “tais esclarecimentos são feitos em caráter excepcional e atenção ao interesse que o tema despertou perante a sociedade”.