Pinacoteca apresenta “Margaret Mee: 100 anos de vida e obra”

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta exposição com cerca de 100 obras de Margaret Mee (Cheslam, Inglaterra, 1909 – Leicester, Inglaterra, 1988), uma das mais importantes artistas e ilustradoras botânicas do século XX, que traduziu o deslumbramento pelas flores brasileiras em requintadas aquarelas. Com curadoria de Sylvia Brautigam, da Fundação Botânica Margaret Mee (Rio de Janeiro). A mostra fica em exposição até 15 de março.
Neoregelia Concêntrica

Margaret Mee – 100 anos de vida e obra

A mostra exibida na Pinacoteca do Estado homenageia os 100 anos de nascimento da artista, e apresenta cerca de 100 obras, entre aquarelas e livros, de importantes coleções no Brasil (Instituto de Botânica de São Paulo, Sitio Roberto Burle Marx, Academia Brasileira de Ciência – RJ, na coleção de arte Bradesco).

Para a exposição foram selecionadas as obras mais emblemáticas da artista. Entre elas 59 aquarelas dedicadas à espécie das BROMELIÁCEAS formam um painel que compõe uma das salas da mostra. Neoregelia concêntrica (Bromélias com folhas largas) e Encholirium spectabile merecem destaque pela beleza e diversidade de formas e cores. Há ainda 17 obras da coleção Roberto Burle Marx, algumas de espécies classificadas pelo próprio e que levam seu nome, como a Vellosia burle-marxi e a Burlemarxia spiralis. A artista também realizou desenhos inspirados na Caatinga brasileira.

A mostra traz cinco trabalhos que ilustram o livro da Academia Brasileira de Ciência sobre o tema, entre eles Arrojada rhodantha, uma espécie de cactos típico da região, e uma delicada Dioclea grandiflora, com flores em tons lilás. Das mais de 15 viagens que Margaret fez pela floresta amazônica, serão expostas quatro folhas de seus cadernos de viagem que documentam seu trabalho de pesquisa, com anotações que registram detalhes de cor, textura e aspecto de cada flor. Objetos de viagens, como presentes recebidos por tribos indígenas, pequenos troncos que Margaret usava como referência pictórica, bussola e os pinceis utilizados por ela, completam a mostra.

As aquarelas de Margaret Mee chamam atenção por revelar sua sensibilidade artística, associada ao rigor técnico do desenho e, de certo modo, são um alerta para o perigo de extinção de várias espécies da flora brasileira.

Sobre a artista

Margaret Mee nasceu em Chesham, na Inglaterra, e a partir de 1947 passou a se dedicar à arte. Estudou arte na St. Martin’s School of Art, no Centre School of Art e na Camberwell School of Art, todas em Londres, diplomando-se em pintura e design em 1950. Chegou ao Brasil com seu marido, Greville Mee, em 1952.

Em 1956 faz a primeira das 15 viagens que empreende pela floresta amazônica, onde recolhe observações em diários e realiza desenhos e pinturas. Já no Brasil, trabalha como artista botânica para Instituto de botânica de São Paulo de 1960 a 1965, explorando a floresta brasileira, desenhando e pintando plantas e também colecionando algumas espécies para posterior ilustração.

Entre 1968 e 1988 Mee viveu no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde tinha seu atelier. Durante todo este tempo a artista enviava plantas que coletava em suas viagens para seu grande amigo e paisagista, Roberto Burle Marx, que as incluía em seu jardim.

Margaret Mee faleceu na Inglaterra. Em sua homenagem, foi criada a “Margaret Mee Amazon Trust”, organização para educação, e para a pesquisa e conservação da flora brasileira, que promove intercâmbio para estudantes de botânica e ilustradores de plantas brasileiros que desejam estudar no Reino Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil.

Por Redação