Pitty pede fim de grito de ‘gostosa’ em DVD: “fico constrangida”

"Eu sei que a intenção é elogiar, fazer um gracejo, mas na real fico constrangida”, explicou a cantora baiana, que está à espera do primeiro filho

Às vésperas de lançar seu novo DVD, Turnê SeteVidas – Ao vivo, a cantora Pitty deu mais um exemplo  de combate à exploração da mulher, se tornando cada vez uma das mais notórias representantes da luta contra o machismo.

Isso porque, durante a gravação do show em Salvador, a cantora baiana aproveitou a oportunidade para desabafar sobre o incômodo que sentia ao receber gritos de “gostosa” dos fãs, e explicou: “Eu sei que a intenção é elogiar, fazer um gracejo, mas na real fico constrangida”, ela diz para o público.

Em entrevista ao G1, a cantora justificou o desabafo por conta de sua intimidade com o público:

Cantora baiana é considerada uma das mais notórias defensoras dos direitos da mulher

“Foi um momento íntimo meu com meu público, e eu gosto de ter essa intimidade e essa liberdade com eles; de que posso me expressar e dizer as coisas que me incomodam. O mais legal é ver que eles me entendem, eles sabem com quem estão lidando.
E se não for para ser assim não faz sentido; essa comunhão com as pessoas que gostam do meu som é muito importante para mim. Se no meu próprio palco eu não puder ser verdadeira, ser o que eu realmente sou, é porque tem algo errado nessa relação.”

Ela explicou ainda por que em 2016 as pessoas tem dificuldades para compreender que “gostosa” não considerado exatamente um “elogio”:

“Porque é cultural, e faz parte dessa mentalidade de objetificação da mulher. É fruto do machismo presente na nossa sociedade. A mulher é vista como uma coisa a ser tomada, tida, possuída. Um objeto que está ali para o divertimento e deleite visual do homem. Um bom exemplo disso são as campanhas de cerveja. Ou o fato de você andar na rua e ser obrigada a escutar coisas nojentas e desrespeitosas. A maioria dos homens aprendeu que tudo bem agir dessa forma, que é um direito dele, ou que isso é ‘elogio’. E ninguém havia perguntado como as mulheres se sentiam em relação a isso. Muitas também nem percebem o abuso dessa situação, porque fomos criadas dentro dessa mentalidade patriarcal e aprendemos que ‘homem é assim mesmo, que bobagem’. Eu não acho mais que homem é assim mesmo, acho que homem é muito melhor do que isso. E essas situações vêm mudando e as pessoas vêm tendo mais consciência de que isso não é legal porque as mulheres têm se manifestado mais, feito barulho. É preciso dizer o que está errado, o que incomoda. A vida inteira aprendemos a ficar caladas porque ‘as coisas são assim mesmo’; por isso é tão importante que a gente converse e se manifeste sobre essas coisas, para que haja uma mudança real”. Confira a entrevista completa na página do G1.