Policial será investigado por pedir o namorado em casamento fardado
Pedidos de casamento heterossexuais não são incomuns na corporação e não se tem notícia de policiais investigados
O policial que pediu seu namorado em casamento, no último domingo, 23,em São Paulo, enquanto acontecia a 23ª Parada do Orgulho LGBT está sendo investigado pela Polícia Militar (PM) que sentiu necessidade de apurar sua conduta. As informações são do G1.
O soldado Leandro Prior, 28, pediu o produtor Elton da Silva Luiz, 26, em casamento trajando o fardamento da corporação.
De acordo com o G1, a vontade do policial era fazer o pedido com o uniforme da PM na Parada LGBT. Mas os superiores de Leandro o proibiram sob a alegação de que o regulamento interno da instituição não prevê o uso do “fardamento” por agente da Polícia Militar de folga em “manifestações”.
Leandro não trabalharia no domingo passado, mas sua escala de trabalho foi alterada. Ele, então, fez expediente no último domingo, quando decidiu oficializar o noivado com Elton em outro lugar. O pedido de casamento então foi feito no Largo Coração de Jesus, na região da Luz, perto de uma base da PM.
O pedido de casamento do policial fardado ao namorado teve direito a alianças e beijo na boca.
“Em 188 anos é um momento único, histórico, e espero que abra precedentes para que ninguém mais, dentro ou fora de quartéis, permaneça dentro de armários. Que as pessoas se prevaleçam dessa resignação, dessa representatividade. E se encorajem para não permitir que a opinião do outro suprima sua felicidade”, declarou Leandro na filmagem feita pela cinegrafista Bruna Massarelli.
Investigação
Mas o que deveria ser um gesto de amor se tornou um problema para o soldado. Em nota, PM confirmou que está investigando se Leandro desobedeceu alguma ordem superior ao usar o uniforme durante o pedido de casamento.
“Todas as circunstâncias relativas às condutas do Soldado PM Leandro Prior (…) serão objeto de análise pelo seu respectivo Comando de Área”, informa nota enviada pela assessoria de imprensa da corporação.
Apesar de não explicar exatamente qual teria sido a infração militar cometida pelo policial, outro documento atribuído à PM, e que circula na web, mostra que Leandro não poderia usar farda para pedir o namorado em casamento porque estava trabalhando.
“Não estaria autorizado em razão do militar estar em serviço”, informa trecho do relatório intitulado “comunicação de fato envolvendo policial militar de serviço”. O documento ainda pede “demais providências” contra Leandro. O tenente que assina o papel alega ter encaminhado fotos do pedido de casamento e cópia da escala de serviço do soldado.
Ameaças
Leandro registrou uma denúncia de ameaça e homofobia após receber mensagens de um homem, ainda não identificado, depois que o vídeo do seu pedido de casamento viralizou nas redes sociais. O caso foi comunicado à Corregedoria da corporação, que confirmou o registro para o G1.
“Vou te caçar e vou te ensinar a virar homem na porrada, seu f.d.p.* do c*”, escreveu um homem que se identificou como policial militar. “Viado f.d.p.* você não vai desonrar a minha gloriosa PMSP [Polícia Militar de São Paulo]” (suprimimos os palavrões).
Não é incomum pedidos de casamento por policiais militares fardados durante o trabalho ou de folga não são incomuns na corporação. O que aconteceu de diferente neste caso é o casal em questão não ser heterossexual. A grande questão é porque se se trata de uma união homoafetiva.
Até quando coisas assim irão acontecer, Brasil?