Por ‘falta de provas’, UFSCar arquiva denúncia de assédio sexual

Com informações do G1

17/02/2016 12:06

Há um ano e dois meses, a ex-estudante Thais Santos Moya publicou no Facebook uma denúncia de assédio sexual contra um professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Após abrir uma sindicância para analisar o caso, a comissão da instituição concluiu que o abuso não foi comprovado e encerrou o processo. Agora, a ex-aluna vai recorrer da decisão.

Ao G1, a universidade se manifestou por nota. No texto, a UFSCar informou que a comissão concluiu os trabalhos de apuração em dezembro do ano passado, mas o resultado só foi divulgado na terça-feira, dia 16, porque teve de passar por análise da Procuradoria Federal.

No processo, foram ouvidas 17 testemunhas, além da autora da denúncia e do professor acusado de assédio. De acordo com a instituição, as partes envolvidas tomaram ciência da decisão na segunda-feira, dia 15, e foram informadas da possibilidade de acesso à íntegra do processo.

No entanto, também nesta segunda, Thais divulgou um vídeo nas redes sociais criticando a falta de acesso ao processo. Ela disse que não teve acesso imediato ao relatório da sindicância para poder se manifestar em até dez dias.

Thais na CPI dos Trotes
Thais na CPI dos Trotes

Na terça-feira, após a divulgação do arquivamento, ela questionou o posicionamento da comissão em relação a outras denúncias que apresentou.

“Tais denúncias foram acatadas inicialmente e devidamente encaminhadas a quem de direito. Porém, estranhamente, a portaria que instaurou a atual comissão ignorou todas elas, instaurando sindicância apenas, mas não menos importante, para o caso de assédio sexual. Todas as provas – não apenas de infrações, mas também de crimes – foram exaustivamente ignoradas pela universidade nos últimos 14 meses”, declarou.

A doutora em sociologia afirmou, ainda, que não pretende encerrar o assunto. “Os últimos meses têm demonstrado que, em todo país, as mulheres estão se libertando do medo e denunciando as violências de que são constantemente vítimas. Isso é irreversível e o mundo não está preparado para mulheres que não se calam. Não me calei, nem me calarei”.

Na página do Facebook “Meu Professor Abusador“, Thais publicou um relato sobre o professor acusado. Confira:

Relato sobre o caso
Relato sobre o caso - Heloisa

Relembre o caso

Em 2014, a socióloga raspou seu cabelo para protestar contra o assédio sexual que teria sofrido por parte de um professor. Na época, ela desabafou sobre o caso por meio do Facebook. A mensagem foi compartilhada milhares de vezes e registrada dias depois da ouvidoria da UFSCar, que iniciou o processo para apurar a denúncia.

Como protesto, a ex-estudante raspou o cabelo na época do caso
Como protesto, a ex-estudante raspou o cabelo na época do caso

Assista ao vídeo publicado por Thais na terça-feira:

Infelizmente, trago notícias ruins.A UFSCar tem me negado, desde dezembro, o acesso ao relatório final da comissão de…

Posted by Thais Moya on Lunes, 15 de febrero de 2016