Por fome, jovem confessa roubo de celular e pede comida na cadeia
“Antes de eu ir embora, a senhora poderia deixar eu só jantar? Meu corpo está muito fraco", disse o jovem
Com fome, jovem de 20 anos confessa ter roubado celular e pede para comer antes de sair da cadeia após conseguir o alvará de soltura em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no último fim de semana.
“Antes de eu ir embora, a senhora poderia deixar eu só jantar? Meu corpo está muito fraco, eu não dormi nada essa noite, eu vou ter que pegar ônibus para ir embora”, disse o jovem.
O jovem ficou um dia preso pelo roubo do celular de uma mulher, de 22 anos, usando uma faca.
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Foi durante a audiência de custódia, que o garoto pediu para comer. O promotor Luciano Sotero Santiago, que estava de plantão, divulgou o caso no Twitter.
“Eu era o promotor plantonista, chegou na manhã de sábado e encaminhei para a juíza o pedido de liberação dele. Geralmente, o pedido de prisão é com argumentos genéricos: a sociedade está em risco, a gravidade do crime. Mas a Constituição não admite antecipação de pena. Para ter culpa formada é preciso ter um processo para ter defesa”, explicou o promotor.
De acordo com Luciano, o jovem confessou o crime, o telefone foi devolvido. O rapaz é réu primário. Por isso, outras medidas lhe foram impostas. Ele está proibido de ter qualquer contato e aproximação da vítima, esta sob monitoramento eletrônico e é obrigado a comparecimento à Justiça uma vez por mês.
“A audiência de custódia foi realizada no domingo com a minha participação, da juíza e de uma defensora pública. Ficou claro que ele apresentava algum transtorno e foi solicitada avaliação psicológica e psiquiatra. Ele disse que ouvia vozes, tinha dificuldade para dormir e de acesso à medicação. Ele não tem linguajar e postura de gente voltada para a prática do crime, não era roubo para manutenção de vício com droga”, detalhou Santiago.
Segundo o promotor, o pedido do suspeito por comida o deixou consternado e o post no Twitter foi uma forma de desabafo.
“Esse caso retrata a criminalização da miséria, da pobreza. A gente não sabe se ele tinha discernimento do que estava fazendo. Não gerou impunidade, ele vai ser processado e, se comprovado a culpa, ele será condenado”, afirmou.
“Ele abriu mão da liberdade para ter comida, disse que fazia ‘bico’ de pedreiro. Ele não tinha antecedentes, não posso presumir que ele vai cometer mais crimes. A prisão não recupera ninguém, se coloco mais um lá é um risco dele sair formado na faculdade do crime”, finalizou.
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o jovem deixou a cadeia no domingo, 5.