Possível vítima de estupro, criança é separada da família em MT
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, um em cada dez estupros são cometidos contra deficientes
Desde 19 de junho, a pequena cidade de Nova Mutum (MT), a 238 km de Cuiabá, acompanha um caso de violência sexual que está mobilizando a cidade.
Tudo começou quando a vítima, uma criança de 9 anos com paralisia cerebral, foi levada à escola por monitores dentro do veículo da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), responsável por transportar crianças em tratamento. Há quatro anos, sua família migrou do Maranhão para ter acesso ao atendimento. Um ano depois, surgiu a vaga na instituição, que conta com 2.178 unidades em todo o Brasil e cuida de mais de 350 mil crianças.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a mãe da criança revelou que a professora um dia encontrou sangue na fralda da menina. “Não sei o que aconteceu. Disseram que ela chegou lá meio molinha, como se tivesse sido dopada.” Uma professora encontrou sangue na fralda da menina”.
Com a suspeita de abuso, a direção da Apae registrou o caso ao conselho tutelar local. Horas depois, a família foi avisada sobre o ocorrido diante da presença da polícia. Dias depois uma decisão judicial suspendeu o convívio familiar da criança e, desde então, ela se encontra em um abrigo municipal. Sem o atendimento da Apae. A decisão mobilizou a cidade, motivando uma série de protestos da população
Advogado questiona funcionário da Apae
O advogado da família da criança, Anédio Aparecido Tosta, destaca que um funcionário da Apae revelou à polícia ter notado o sangramento na fralda da menina, mas não contou a ninguém. “Essa é uma das perguntas que a investigação precisa responder: por que essa pessoa omitiu um crime grave?”.
Por outro lado, a Apae descarta o envolvimento de funcionários no crime e ressalta, por meio do advogado Thiago Borda, que o motorista responsável por buscar a criança tem mais de 50 anos, é casado, com família estruturada, e atua como funcionário público cedido pelo município.
Destaca ainda que o homem é auxiliado por um monitor com formação em atender pessoas com necessidades especiais. “Ao chegar na entidade, as crianças são recepcionadas ainda na calçada de acesso à entidade por professoras e monitoras”, afirma Borba.
Além disso, ressalta que a garota foi levada para a “sala dos acamados, onde não é permitida a entrada de terceiros, exceto diretora ou autorizado por esta, e sempre na companhia da professora ou monitora”.
Caso segue em investigação
Em meio às muitas possibilidades, o delegado Rodrigo Rufato, responsável pela apuração, disse apenas que o caso encontra-se “Em fase de investigação.”
Se confirmado o abuso, a qualificação será estupro de vulnerável —porque a vítima é menor de 14 anos e por ter deficiência. A pena mínima para esse crime é de oito anos de prisão. Juliana foi liberada para visitar a filha duas vezes por semana./Com informações da Folha de S. Paulo.