Prêmio Megafone celebra o ativismo e a importância no avanço dos direitos humanos no Brasil
O primeiro prêmio do ativismo brasileiro reconhecerá em suas 14 categorias as mais diversas manifestações que vão de passeatas até memes e reportagens
Apesar das limitações impostas pela pandemia e da postura do atual Governo Brasileiro, o ativismo nunca esteve tão vivo no Brasil. Inúmeros grupos ocuparam e ocupam as ruas e as redes sociais com suas causas, contribuindo para o avanço de uma sociedade de direitos.
E agora chegou a hora de reconhecer todo esse trabalho com o Prêmio Megafone. O primeiro prêmio do ativismo brasileiro irá reconhecer em suas 14 categorias as mais diversas manifestações que vão de passeatas à arte de rua, passando por cartazes, memes, perfil de rede social, reportagem de mídia independente, entre outras.
Todas as categorias serão avaliadas por um júri especializado, composto por ativistas indicados pelas organizações realizadoras do prêmio: Pimp My Carroça, Instituto Socioambiental (ISA), WWF-Brasil, Greenpeace e Engajamundo.
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Os trabalhos inscritos serão avaliados segundo seu impacto na causa ao qual o ativismo se dirige e no debate público sobre o tema, na capacidade de transmitir a mensagem de forma criativa e coerente ao tema abordado e na capacidade de informar, mobilizar e inspirar outras pessoas através do ativismo.
“O ativismo faz parte da democracia. É uma das formas pelas quais o cidadão luta legitimamente por seus direitos. E essa forma de exercer a cidadania nunca foi tão importante, dado o atual cenário de retrocesso das políticas sociais, ambientais e de direitos humanos”, explica o artivista Mundano, um dos idealizadores da premiação.
“O Prêmio Megafone visa não só reconhecer a contribuição dos ativistas para a democracia brasileira, mas também ressaltar que esta é uma atividade legítima, que nunca deveria ser combatida em um Estado de Direito”, completa.
Confira os indicados para cada categoria:
1. Arte de Rua
A força estética pode ser vista na categoria Arte de Rua, que reúne desde a polêmica vaca magra em frente ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, de Márcia Pinheiro, à uma história de um tatu do Cerrado pintada no muro de uma escola no Tocantins por Pablo Marquinho. A categoria inclui a icônica imagem de Di Kayapó, onde #ForaSalles é escrito na máscara usada por uma indígena, e pelo mural que explicita a ancestralidade negra da nossa sociedade, de Soberana Ziza. Outro finalista é o Projetemos com as tecnológicas projeções nas laterais de prédios das grandes cidades.
2. Foto
A força das imagens, por sua vez, está na categoria Foto. Entre os finalistas estão o retrato de um menino que encontrou uma árvore de Natal em um aterro sanitário, um profissional da saúde como guerreiro na luta contra a Covid (em arte que interage com os transeuntes) e a estátua do traficante de pessoas Borba Gato em chamas. Dois finalistas retratam Manaus: um deles mostra a cheia na cidade; outro, o cemitério.
3. Meme
A força do humor pode ser comprovada na categoria Meme. Os finalistas incluem Esse Menino, com Pifãizerrr; Laerte, com uma tirinha satirizando o (des) presidente quando relacionou a vacina da Covid19 à AIDS; Tukumã Pataxó, com Índio ou Indígena; Carol Cospe Fogo, com uma de suas charges sobre a transformação da maior floresta tropical do mundo em pasto para gado; e Anna Cristina Almeida, do perfil Orgulho Afro, sobre a diferença entre negra e preta.
4. Cidadão Indignado
A categoria Cidadão Indignado mostra a força da palavra. Nela, estão cinco discursos contundentes: de Sam Sateremawe, sobre o PL490; de Lyne Pinheiro e Yane Mendes, sobre democracia e direitos civis; de Matheus Ribeiro, sobre equidade racial; e de Trevo Ribeiro, sobre o crime de Mariana e Brumadinho.
5. Manifestações de Rua
Um prêmio sobre Ativismo não poderia deixar de reconhecer as Manifestações de Rua. Dois finalistas são fruto da mobilização indígena: o Acampamento pela Vida, contra o Marco Temporal e o PL 490, e o ato Fora Salles, em frente ao Ministério do Meio Ambiente. Os outros finalistas são o Ato Nacional dos Estudantes, o ato #13demaionasruas sobre a chacina na favela do Jacarezinho e Evangélicos pela Democracia.
6. Música ou Videoclipe
Letras fortes e, ao mesmo tempo, poéticas caracterizam o Lamento da Força Travesti, ode sobre a resistência das Travestis no país que mais mata estes corpos. Espelho, sobre a auto estima da mulher negra, e O Que Dirá o Mar, sobre a tragédia de Mariana – três dos finalistas na categoria Música ou Videoclipe, que inclui ainda conhecidos do público, como o remix de Bum Bum Tam Tam para a vacina contra a Covid19 e Alok com artistas indígenas.
7. Reportagem de Mídia Independente
A força da palavra e da informação também é retratada na categoria Reportagem de Mídia Independente, na qual são finalistas o Modefica, com a história das mulheres que tiveram seus lares destruídos pela Braskem; o Portal Amazônia, com a história das mulheres da agricultura familiar de Rondônia, que em sua maioria não utiliza agrotóxicos; e Sinal De Fumaça, com dossiê sobre o governo Bolsonaro. Dois finalistas combinam a força da palavra com a potência das imagens em vídeos, como na Série Antirracista do Rio On Watch e a série De Olho na Resistência, do De Olho nos Ruralistas.
8. Documentário
A qualidade da combinação entre palavra e imagens distingue os finalistas da categoria Documentário, com vídeos que dão voz e mostram a perspectiva dos oprimidos e injustiçados. Entre os finalistas está o filme “A Bolsa ou A Vida”, que discute o aniquilamento da cultura e dos modos tradicionais de vida por um modelo político-econômico predador e concentrador de renda. Esse modelo também é denunciado na websérie “Tapajós: uma breve história da transformação de um rio”, que mostra como isso se dá, na prática, ao longo de um dos rios mais importantes do Pará. As ameaças às comunidades indígenas ao longo desse rio também são tema de outro finalista desta categoria: “Tapajós Ameaçado”. Também concorrem ao prêmio o documentário “Contra Fogo”, mostrando a vida dos brigadistas de incêndios florestais na Chapada dos Veadeiros, e “Hoje A Aula é Na Rua”, que retrata os levantes nas ruas de Goiânia e de Brasília por educação de qualidade – um dos primeiros protestos de rua no governo Bolsonaro.
9. Perfis de Redes Sociais
Indígenas são os produtores de conteúdo de quatro dos cinco finalistas da categoria Perfis de Redes Sociais : Sam Sateremawe, Fexta, Daldeia e Tukumã Pataxó. O outro finalista é Slam Resistência, de batalhas de poesias realizadas na Praça Roosevelt, em São Paulo.
10. Ação Direta
Outra forma de manifestação é a Ação Direta – a ação ativista em formato presencial e direto, como interditar uma rua ou ocupar um espaço temporariamente para denunciar um crime ou impedir uma injustiça, por exemplo. Dois dos finalistas desta categoria têm relação com direitos indígenas: o protesto em Porto Velho (RO) contra a falta de avanços na investigação sobre a morte do guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau e a aula pública explicando quem foi o traficante de pessoas Borba Gato. Também concorrem ao Prêmio Megafone a Cozinha Ocupação 9 de Julho, o movimento para salvar o Rio Itapanhaú e o Roçado Solidário do Movimento dos Sem Terra.
11. Cartaz
A categoria Cartaz mostra a força da simplicidade: a defesa do Xingu escrita sobre uma folha de verdade e um papelão explicitando a relação entre vidas indígenas e floresta em pé. Três dos finalistas desta categoria falam da pandemia da Covid19: da perda da mãe ou da avó, ou com o uso criativo de seringas, elemento importante para a vacinação.
12. Jovem Ativista
Os finalistas na categoria Jovem Ativista são Tel Filho Guajajara (direitos indígenas), Ananda Marieta Silva Teles (meio ambiente), Jahzara Johari Ona França Teixeira (crise climática), João Igor Cariman Leite (juventude) e Beatriz Lacerda Costa Grajaú (equidade racial).
Os vencedores serão revelados no dia 6 de abril. Cada vencedor receberá um megafone customizado e um troféu do Primeiro Prêmio Megafone, feito pelo artivista Mundano – reconhecido internacionalmente por seu trabalho, que concilia arte e ativismo.