Preto no branco

Por: Catraca Livre

A pintura só apareceu de fato na história de Bruno Oliveira quando há uns seis anos resolveu abrir um café no ateliê do pai e em uma noite qualquer se aventurou com as tintas do lugar. Das pinceladas, nasceu o seu primeiro quadro que logo ganhou notoriedade e foi parar em uma exposição sacra levando o prêmio de artista revelação.

Surpreendido, procurou um curso de artes plásticas e continuou a pintar usando tinta acrílica, e criando formas coloridas que hoje não fazem mais parte da sua arte. “Quando montei um ateliê na Casa Verde, o Ecaq, percebi que não tinha o domínio das cores, então, resolvi estudar o preto e o branco e usar apenas essa linha na minha obra”, analisa.

Enquanto ele espantava as cores dos seus traços, encontrava também algumas características que definiriam o seu estilo – elementos da natureza inseridos em tons de um cinza urbano, troncos no vazio, tentáculos que saem de dentro de casas de passarinho e balões ao céu, todo o trabalho pintado com tinta látex, o seu instrumento de criação.

Sem procurar muitas referências para fazer do seu trabalho o mais puro possível, defende o conceito dos Situcionistas, do maio de 68 , em Paris, sobre a relação que a sua arte tem com o urbanismo, abstraindo das caminhadas por São Paulo alguns elementos da cidade e ao mesmo tempo contrapondo o conceito marcante de metrópole cheia de informação com os espaços vazios em sua obra.

Com a ideia de tornar as suas pinturas mais acessíveis para atingir diversos públicos se uniu ao Thiago Koronel, no ateliê 11:11 e busca na serigrafia um novo segmento para imprimir os seus trabalhos a um custo reduzido. “Acho que a arte precisa sair das mãos da elite e se tornar objeto de consumo de quem gosta”.

Além do látex, se embrenha por um novo caminho, os bonequinhos conhecidos como toy art. “Aprendi a modelar com um amigo e agora queremos colocar esse tipo de trabalho no mercado, existem poucas pessoas produzindo no Brasil”.  A primeira peça que o artista projetou foi um toy em formato de tronco, figura central de seus trabalhos, e agora desenvolve novas peças.

Toys

Dono de um processo rápido de criação, quando coloca a mão na tinta, se concentra e finaliza. Toda essa dedicação é claramente percebida no tom sério em que ele conduz o tema arte e na forma como ele lida com o universo, desde o processo de criação à venda é ele quem cuida de todos os detalhes.

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