Privacidade na rede: Agência Pública investigou casos de vazamento de imagens íntimas seguido de suicídio
Giana Fabi, de Veranópolis, interior do Rio Grande do Sul, e Julia Rebeca, de Parnaíba, litoral do Piauí, tiveram imagens íntimas divulgadas na internet e acabaram cometendo suicídio
“Quem divulgou a foto foi um colega da escola que queria ficar com ela, só que ela não queria ficar com ele”, diz o irmão de Giana, Jonas Fabi, de 29 anos[/img]
Uma pesquisa à qual a Pública teve acesso, na íntegra em primeira mão, realizada pela ONG Safernet, revelou que 62% dos jovens brasileiros está online todos os dias e 80% tem as redes sociais como seu principal objetivo de navegação. Para chegar a esses números foram entrevistados quase 3 mil jovens brasileiros de 9 a 23 anos.
A conclusão é que o culto à autoimagem, que já é comum na adolescência, virou uma espécie de senso comum entre jovens nas redes sociais. Não por acaso “selfie” foi escolhida como a palavra do ano de 2013 do idioma inglês pelo dicionário Oxford. De 2012 para 2013, seu uso aumentou 17.000% e a hashtag #selfie acompanha mais de 58 milhões de fotos na rede social Instagram.
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A rotina online de Giana e Julia, de Veranópolis (RS) e Parnaíba (PI) respectivamente, não era diferente. A descrição das meninas por amigos e familiares era de pessoas alegres, extrovertidas, falantes, “adolescentes normais”. Mas em novembro deste ano, uma foto em que Giana mostrava os seios e um vídeo em que Julia aparecia fazendo sexo com um rapaz e uma garota foram divulgados através do Whatsapp e se espalharam pela rede com a velocidade dos escândalos virtuais.
Julia se suicidou no dia 10 de novembro e, quatro dias depois, no dia 14, foi a vez de Giana tirar a própria vida, poucas horas depois de saber que a foto havia sido compartilhada. As duas deixaram mensagens de adeus nas redes sociais e se enforcaram.
Reportagem: Andrea Dip e Giulia Afiune
HQ e ilustrações: Alexandre de Maio