Professora com Down ofendida por desembargadora receberá honraria

Em março, a educadora foi discriminada pela desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio

Débora é a primeira professora com síndrome de Down do Brasil
Créditos: Picasa
Débora é a primeira professora com síndrome de Down do Brasil

Débora Araújo Seabra Moura, primeira professora com síndrome de Down do Brasil, receberá a Medalha de Tiradentes na Assembleia Legislativa do Rio. A premiação será na próxima segunda-feira, dia 21, às 10h, no plenário do Palácio Tiradentes, no centro da cidade.

A entrega da medalha e do diploma de certificação do evento foi sugestão do deputado estadual Janio Mendes (PDT). De acordo com a assessoria do parlamentar, a decisão de homenageá-la veio devido ao trabalho e à experiência de Débora, além da reação preconceituosa contra a professora.

Em março, a educadora foi discriminada pela desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio. Após as ofensas, ela publicou uma resposta que emocionou as redes sociais.

“Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!!. Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social…Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem??? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”, escreveu a magistrada em seu perfil no Facebook.

A desembargadora Marília Castro Neves

A Federação Brasileira de Associações de Síndrome de Down (FBASD) emitiu uma nota de repúdio às declarações da magistrada. Débora também se manifestou e escreveu uma carta em que falou sobre sua atuação na educação infantil e na promoção dos ensinamentos sobre respeito e igualdade.

“Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN). O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso”, afirmou a professora.

No mês seguinte, Marília Castro Neves publicou uma carta para a professora na qual pede desculpas por seus comentários sobre ela, sobre a parlamentar assassinada no Rio de Janeiro e sobre o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Entrevista

Há um ano, em entrevista ao Catraca Livre, Débora contou um pouco de sua luta para romper o preconceito e conseguir ser aceita como educadora. “Ainda falta muita gente acreditar na inclusão”, disse ela, que tem 36 anos e há 13 é professora auxiliar de educação infantil em Natal (RN). A professora dá palestras sobre o combate ao preconceito e, em 2013, lançou o livro “Débora Conta Histórias”. Conheça a história dela neste link.

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