Projeto reúne relatos de vítimas da intolerância política

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou mais de 120 agressões a comunicadores em contextos político partidário e eleitoral

09/10/2018 20:38

A pouco mais de duas semanas para o segundo turno, o Brasil testemunha a disputa eleitoral mais polarizada e acirrada dos últimos anos.

Em um cenário cujo descrédito e insatisfação política abrem portas para manifestações de violência, inúmeros são os relatos de agressões em todo país – a exemplo do assassinato de Moa do Katendê por declarar apoio a Fernando Haddad (PT) ou a facada em Jair Bolsonaro (PSL) durante campanha eleitoral.

Ativista cultural, Moa do Katendê foi morto com 12 facadas após revelar voto em Fernando Haddad (PT)
Ativista cultural, Moa do Katendê foi morto com 12 facadas após revelar voto em Fernando Haddad (PT) - reprodução/Facebook

Face a isso, um projeto criado na internet pretende reunir relatos de vítimas ou testemunhas de casos de intolerância política ocorridos nos últimos tempos.

Intitulado Mapa da Violência, o site faz um compilado de denúncias que expõem o lado mais perverso e insensato das eleições, que, recentemente, se instalou no país. Para saber mais sobre a iniciativa, acesse a página.

Abaixo, separamos algumas declarações das vítimas:

  • Anônimo, mulher, lésbica, 27 anos

“Estava com uma camiseta preta e um bottom do PSOL, um homem me empurrou pro chão e disse que no governo de Bolsonaro não teria espaço para vagabundas”.

  • Anônimo, mulher, lésbica, 31 anos

“Quando eu saía da escola em que votei, de mãos dadas com minha esposa, um homem fez gestos e sons de metralhadora na nossa direção quando cruzamos com ele”.

  • Fernanda, mulher, bissexual, 22 anos

“Fui agredida verbalmente hoje ao votar porque eu estava com uma calça de corte mais masculino, brincos de unicórnio LGBT e uma agenda com arco-íris e unicórnio. Sem maquiagem nenhuma. Um cara ficou olhando pra mim na fila, chegou perto e disse: “Não acredito que essas pragas vem votar, com voz de nojo e desprezo”.

  • Anni, mulher, hétero, 29 anos

“Na Paulista um vendedor ambulante ofendeu outra vendedora que estava montando sua barraquinha na paulista. A vendedora aparentemente era boliviana e estava montando sua barraquinha próxima à barraca do homem. Ele gritava frases como “volta para seu país”, “isso está perto de acabar”. Aconteceu próximo a estação Trianon Masp. Foi um cena horrível”.

  • Mulher, hétero, branca, 50 anos 

“Eu estava na calçada da rua Dona Mariana, em Botafogo. Uma senhora olhou pra mim e disse: ‘você merece ser estuprada para aprender em quem votar “. Eu estava de blusa branca, trazendo apenas um único e discreto adesivo #elenão

  •  Mulher, bissexual, branca, 25 anos.

“Quando o resultado do primeiro turno foi divulgado, pessoas em um carro na Avenida Angélica gritaram: “Chupa, suas sapatonas nojentas, filhas da put*, agora vai ter bolsa piroca pra vocês se curarem. Então um dos rapazes que estava dentro do carro abaixou as calças e mostrou o pênis para nós”.

Você sofreu alguma violência? Denuncie.