Racismo: como é crescer na periferia sendo negro
De acordo com o mapa da violência 2019, os negros são os mais afetados pela desigualdade social no Brasil
O Brasil é um país racista? Quando esta pergunta surge em algum debate, geralmente ela não é respondida com facilidade. No entanto, as estatísticas apontam altos índices de desigualdade, e os negros são os mais afetados.
O Atlas da Violência 2019 aponta que as mulheres negras ocupam mais da metade dos balanços sobre violência, o que reflete no assustador número de 66% do total de mortes causadas por homicídio em 2017. Para as mulheres não negras, a taxa foi de 1,7%. Em números gerais, 2017 foi ano mais violento desde 2007, com aproximadamente 13 assassinatos por dia, resultando em um total de 4.936 mulheres mortas.
Racismo: saiba como denunciar e o que fazer em caso de preconceito racial
- Harvard revela os 5 hábitos que podem acrescentar 10 anos à sua vida
- Fase do sono pode ser crítica para o risco de demência; entenda
- Autismo sem diagnóstico: conheça os sinais sutis que podem ser ignorados facilmente
- Estes sintomas do Alzheimer surgem a partir dos 30 anos
Para cada indivíduo não negro morto em 2017, cerca de 2,7 negros foram assassinados, portanto, considerando homens e mulheres, 75,5% das vítimas de homicídios no Brasil eram pessoas negras. Além de todos os casos que chegam ou não até a mídia diariamente, os números mostram que existe uma diferenciação social e racial que precisa ser combatida urgentemente.
O ator Lázaro Ramos concedeu entrevista para a Catraca Livre recentemente e comentou sobre as dificuldades de driblar as barreiras sociais, onde por vezes, só o fato de sobreviver já é motivo de comemoração. “Eu sou preto, nordestino, eu sei o que é habitar esse lugar, sei da quantidade de potência que tem nesse lugar”, conta.
Fruto da periferia de Salvador, o ator acreditou em seus sonhos e fez valer as oportunidades que teve através da arte. Hoje, como um dos símbolos do empoderamento negro e periférico no país, faz questão de passar uma mensagem positiva para quem vem da mesma realidade.
Nascidos para ser gigantes
Luis Cunha e Diego Vinicius são grandes exemplos de pessoas que lidam com o racismo diariamente, mas que encontraram maneiras de vencer o sistema. “É tanta coisa que a gente passa, tantos desafios. Você tem que provar que é bom todo instante”, disse Luis, que é um modelo independente. Nascido e criado na zona leste de São Paulo, ele já enfrentou diversos casos de violência e abuso policial, no entanto, acredita que a união e as “palavras de carinho” trocadas entre os grupos – seja de negros ou não – podem ser a chave para triunfar sobre esse triste e preocupante tema.
Diego também foi criado na zona leste de São Paulo e está iniciando sua carreira como rapper. A música, assim como a arte, é uma ferramenta extremamente positiva de empoderamento, sobretudo o hip hop, criado e popularizado pelos negros.
O jovem fortalece as palavras do amigo Luis e exalta o papel das redes sociais na hora de divulgar histórias de superação. “Quando você faz uma exposição da sua imagem nas redes sociais, que é bem importante, muita gente vai se identificar, vai mandar força e vai se fortalecer ao mesmo tempo. É um grupo, a gente tá unido nisso”, disse o rapper.
Nós da Catraca Livre lutamos pela igualdade racial e social, sendo assim, não temos medo de levantar esse questionamento. Discutir esse tema e contar histórias de pessoas que vivenciam e superam as barreiras impostas pelo racismo e as dificuldades é uma missão que demanda muito cuidado, mas acima de tudo, vontade de tornar a sociedade um lugar melhor. Chega de mortes, chega de dor, chega de preconceito.