Racismo em app: Rainha de bateria é chamada de macaca por ignorar mensagem

Um macho dolorido chega até mesmo a cometer um crime quando as coisas não saem como espera

A mineira Laís Lima, eleita Rainha de Bateria do Carnaval de Belo Horizonte, em 2020, foi atacada com racismo por um homem em um aplicativo de relacionamento. Ele tentava falar com ela, porém, ao ser ignorado, partiu para a injúria racial. Na última terça-feira, 1°, ela realizou um boletim de ocorrência sobre o ocorrido.

“Você é uma macaca, arrogante, idiota. Olha pra você, no máximo o que você serve é pra poder saciar o fetiche de alguém”, dizia a mensagem sem identificação do autor.

Rainha do Carnaval de BH é chamada de ‘macaca’ em app de paquera
Créditos: reprodução/Instagram
Rainha do Carnaval de BH é chamada de ‘macaca’ em app de paquera

“Fiquei bem chateada, porque a gente passa por diversas situações e essa questão vai muito além do racismo. Foi um racismo contra uma mulher. A gente sofre muito nessa sociedade machista que a gente vive hoje”, disse Laís em uma entrevista ao G1.

Apesar de não ser a primeira vez que a rainha de bateria passa por uma situação de racismo, foi a primeira vez que ela teve consciência de que foi vítima do crime. “Eu me recordo de uma situação com um antigo relacionamento, em que ele chegou a falar que eu era uma mucama, mas na época, pra mim, eu não tive a consciência do tamanho que era aquela palavra”, disse.

Como denunciar racismo

Casos como o de Laís estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro. Veja mais aqui.