Rebelião digital

14/06/2010 08:29
A ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu disseminar mundialmente uma experiência desenvolvida por brasileiros, batizada de “Votenaweb”. É uma daquelas soluções simples e baratas: uma plataforma na internet fornece didaticamente informações sobre os projetos em tramitação no Congresso, permitindo uma votação virtual, acessível a todos, com direito a debate. Dali se podia medir, por exemplo, o monumental apoio a iniciativas como a exigência de ficha limpa aos candidatos.
Lançado em novembro de 2009 pela Webcitizen, o projeto ganhou a adesão da ONU depois de ser apresentado em Washington, no mês passado, em uma conferência sobre como usar os meios digitais para facilitar o acesso a informações públicas -a Nasa, o Google e a IBM eram alguns dos expositores.
Além de ser um modelo fácil de ser multiplicado, o “Votenaweb” é um jeito óbvio de entrar nas redes sociais e de tentar atrair os jovens para a política. Pode-se dizer que é quase um jogo interativo.
Nessa experiência, estamos vendo jovens que, seduzidos pela tecnologia da informação e distantes dos partidos políticos e dos clichês ideológicos, fazem uma rebelião digital contra a falta de transparência no uso dos recursos públicos. Será que estaria aí um Brasil 2.0?
Com mestrado em transparência pública e tecnologias, Daniela Bezerra da Silva ajudou a formar o grupo batizado de “Transparência HackDay”. “Há uma enorme desproporção entre a capacidade dos governos de serem precisos quando cobram impostos e a de serem precisos quando prestam informações”, diz ela.

Texto publicado originalmente no caderno cotidiano, do jornal Folha de S. Paulo