Recepcionista é demitida e denuncia racismo em laboratório
As informações são da repórter Tatiana Farah, do 'BuzzFeed'
Nesta terça-feira, 3, a recepcionista Mayara Oliveira, 25, foi demitida do laboratório Fleury e denunciou o racismo que sofreu por não poder trabalhar com seu cabelo Black Power solto. As informações são da repórter Tatiana Farah, do “BuzzFeed“.
Em uma postagem no Facebook, Mayara conta que trabalhou seis meses na unidade Villa-Lobos do laboratório. “O que não me explicaram no dia da entrevista é que negras com cabelo Black Power não poderiam fazer parte da recepção, pois ‘os clientes Fleury são muito criteriosos’ e acham esse tipo de cabelo um absurdo, ‘chama muita atenção, né'”, escreveu.
Pelo tamanho do cabelo, ela explicou que, na teoria, poderia seguir a regra da empresa e usá-lo solto, mas isso não se aplicava ao seu caso. “A regra sempre foi muito clara: cabelos abaixo do ombro, presos. E acima do ombro, soltos, desde que não tenham franja. Mas isso não serve para a preta de black power. Fui obrigada sob ameaça de demissão a ir com ele ‘bem presinho, da forma mais discreta possível'”, completou.
Ainda em seu desabafo, a recepcionista contou que chegou a trabalhar seis meses na empresa e durante todo esse tempo ouvia diariamente piadas racistas. Ela tentou se adaptar as exigências e prendeu o cabelo em seus primeiros dias, mas ao “BuzzFeed” confessou que por ser sensível, o cabelo começou a quebrar.
“Doía muito a minha cabeça. Comecei a amarrar de forma mais solta e chamaram minha atenção diversas vezes. Eu não aguentei. Chorei horrores. Acontece sempre na minha vida: alguém implicar com o meu cabelo”. Mayara disse que chegou a se queixar para seus superiores, mas ouvia que aquilo não era racismo, e sim “padrão”.
Em nota, o laboratório respondeu ao Catraca Livre que está apurando o caso por meio de sua ouvidoria. “O Grupo Fleury é uma instituição médica de 91 anos de existência, caracterizados por um comportamento rigorosamente ético e de respeito no relacionamento com todos que atuam na empresa e com as pessoas que procuram os seus serviços”.
“O quadro de colaboradores da empresa é marcado pela diversidade. É composto por 9 mil colaboradores, dos quais 80% são mulheres, sendo 51,3% negras ou pardas”.
Eles disseram ainda que o grupo “mantém um Canal de Ética e Conduta independente para apurar denúncias de práticas e posturas contrárias ao seu Código de Conduta, que veta qualquer ato discriminatório. Assim que o Grupo tomou conhecimento do relato de sua ex-colaboradora, iniciou, de forma imediata, apuração do caso que, enfatiza, não reflete em nenhuma medida o comportamento ético ao longo de sua trajetória de mais de nove décadas”.
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