Rede social “Atados” alavanca oportunidades de trabalho voluntário
Site entrou no ar em 2012[/img]
Ao se cadastrar na plataforma do Atados, no ar desde novembro de 2012, o usuário é convidado a criar um perfil, no qual relata suas habilidades, causas em que acredita, disponibilidade de tempo e região onde quer atuar. A ferramenta, então, busca ONGs que combinem com o voluntário. E a parceria está feita. “Você responde um cadastro simples, consegue encontrar o trabalho que tem muito a ver com você, e é muito fácil de usar”, afirma a voluntária Belisa Cesar Rotondi, que hoje faz trabalho voluntário em um abrigo de crianças.
A rede do Atados, cuja sede fica em São Paulo, conta, atualmente, com mais de 280 organizações à procura de voluntários e 25 mil pessoas cadastradas dispostas a ajudar. As ações variam muito e incluem até mutirão de dezenas de voluntários para plantar uma grande horta urbana em poucas horas, tarefa que levaria dias para ser concluída. Juntos, organizações sem fins lucrativos e usuários já beneficiaram quase 850 mil cidadãos, direta ou indiretamente.
Os números enchem de orgulho os jovens André Cervi, 25, Bruno Tataren, 24, Daniel Assunção, 24, e Luís Henrique Madaleno, 25. Eles são os fundadores do Atados e, hoje, comandam a equipe de mais de dez pessoas ao lado de um quinto integrante, João Paulo Furgeri, 25, que passou a compor o projeto meses após sua criação, em maio de 2012.
Atados por uma causa
Os cinco jovens se conheceram na USP (Universidade de São Paulo), onde cursavam administração, e logo perceberam suas afinidades: todos estavam insatisfeitos com o rumo profissional que suas vidas estavam tomando e dispostos a empreender no terceiro setor, para trabalhar em algo que lhes oferecesse mais do que lucro.
A ideia de criar uma plataforma que unisse ONGs e voluntários foi de Luís e, pouco a pouco, o restante do grupo abraçou o projeto. Durante sete meses, os jovens visitaram 70 organizações, com causas e proporções bem diferentes, que poderiam fazer parte da iniciativa, mas sofreram para conquistar a confiança das instituições. “Desconfiavam de nós por sermos moleques”, relembra Luís.
Renata Neves, fundadora da Associação Morungaba, que atua em São Paulo (SP) pela inclusão de pessoas com deficiência e necessidades especiais, foi uma das que resistiram a abrir sua organização para os jovens empreendedores. Hoje, no entanto, a Morungaba está entre as principais parceiras do Atados. “Para mim, o trabalho deles foi uma quebra de paradigma maravilhosa. É muito bom demonstrarem um aspecto novo em algo que eu pensava já saber tudo”, conta.
Evolução colaborativa
O principal diferencial do Atados é que, periodicamente, eles visitam as instituições que integram a rede e também fazem questão de manter contato com os usuários por meio das redes sociais. Tudo para mapear e conhecer melhor as vontades e as necessidades do seu público.
“Foi assim, por exemplo, que surgiu o projeto Da Gaveta Pra Rua (www.gavetaprarua.com.br)”, lembra Daniel. A iniciativa é um dos braços do Atados e reúne profissionais de marketing e publicidade dispostos a criar, gratuitamente, campanhas para ONGs que participam do projeto. A ideia partiu de um usuário da rede social.
Nem organizações, nem voluntários pagam para fazer parte da rede do Atados. Os recursos que viabilizam o negócio vêm de consultorias que os administradores prestam para grandes empresas, como multinacionais interessadas em promover ações de engajamento social entre seus funcionários por meio de ações voluntárias.
Expansão com diversificação
Para um futuro próximo, os jovens planejam prospectar novas companhias dispostas a pagar pelo serviço personalizado, para continuarem expandindo o Atados e abrangerem um público cada vez mais diversificado. Atualmente, o projeto já possui núcleos independentes em Brasília (DF) e Curitiba (PR), mas os participantes continuam sendo, em sua maioria, jovens de classe média.
Pelo trabalho que desempenham, André, Bruno, Daniel, Luís e João tornaram-se finalistas do Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro 2014. Realizada pela Folha de S.Paulo, a premiação reconhece e promove talentos sociais, entre 18 e 35 anos, que empreendem de forma inovadora na sociedade há no mínimo 12 meses e, no máximo, 36.