Redução da desigualdade estagna e pobreza volta a crescer

Brasil é o nono país mais desigual do mundo, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira, 26

Favela de Santa Marta e contraste social em um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro
Créditos: Getty Images
Favela de Santa Marta e contraste social em um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro

Relatório divulgado nesta segunda-feira, 26, pela Organização Não Governamental Oxfam revela que, pela primeira vez em 15 anos, a desigualdade de renda se manteve estagnada no Brasil. Com isso, o país se tornou o nono mais desigual do mundo.

Desde 2002, o índice de Gini da renda familiar per capita caía anualmente até 2017, quando a taxa estacionou em 0,549 – a medida leva em conta que quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade. Na avaliação da diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, a paralisação pode sinalizar um grande retrocesso no futuro.

Além da desigualdade de renda, o relatório “país estagnado’ mostra que o Brasil se manteve no mesmo patamar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em um ranking de 179 países, o Brasil aparece na 79ª posição.

O quesito renda teve maior impacto negativo de acordo com o levantamento, sobretudo no bolso daqueles que recebem os menores salários.

Além disso, o relatório também destaca outros fenômenos do colapso socioeconômico vivido no país:

  • número de pobres cresceu 11% em 1 ano, atingindo 15 milhões de brasileiros 2017 (7,2% da população)
  • rendimentos do trabalho dos 10% de brasileiros mais ricos cresceram 6% de 2016 para 2017; já entre os 50% mais pobres, a renda caiu 3,5%
  • rendimento médio do 1% mais rico é 36,3 vezes maior que o dos 50% mais pobres;
  •  a diferença salarial entre negros e brancos também aumentou: em 2017, negros ganhavam em média 53% dos rendimentos médios de brancos, ante 57% em 2016
  • pela 1ª vez desde 1990, o Brasil registrou alta na mortalidade infantil, que subiu de 13,3, em 2015, para 14 mortes por mil habitantes em 2016

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