Religiões africanas são excluídas de Vila Olímpica no Rio
Ainda que religiões de matriz africana sejam grande parte do universo religioso dos brasileiros, elas não serão representadas no centro ecumênico da Vila Olímpica no Rio de Janeiro. O espaço simbolizará apenas seguidores do cristianismo, hinduísmo, judaísmo, budismo e islamismo.
A assessoria do COB (Comitê Olímpico do Brasil) justificou dizendo que seria impossível oferecer espaço para todas as fés e, portanto, foi dada preferência às cinco religiões mais representadas entre os atletas. Além disso, o comitê afirmou que o COI (Comitê Olímpico Internacional) é responsável pela decisão.
Segundo o censo de 2010 do IBGE, há 0,3% de praticantes de Umbanda e Candomblé no Brasil. Apenas na região Sudeste, a porcentagem é de 0,4%. Essas duas religiões são citadas na pesquisa junto com outras três predominantes – Católica Apostólica Romana, Evangélica e Espírita.
O preconceito contra as religiões africanas, no entanto, foi comprovado conforme dados do CCIR (Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro). Mais de 70% de 1.014 casos de violência registrados entre 2012 e 2015 no Estado são contra adeptos de religiões africanas.
Em junho de 2015, uma menina de 11 anos foi atingida por uma pedrada na cabeça, na Zona Norte do Rio, quando voltava para casa de um culto vestida com trajes candomblecistas. Cinco meses depois, em novembro, outra situação violenta chamou a atenção da imprensa: um terreiro de Candomblé foi incendiado em Brasília, sem deixar feridos.
O centro ecumênico da Vila Olímpica, coordenado pelo padre Leandro Lenin, entrará em funcionamento em agosto e setembro, das 7h às 22h. As cerimônias serão oferecidas em três línguas diferentes – português, inglês e espanhol – de acordo com os rituais de cada religião.
A cidade receberá mais de 10 mil atletas olímpicos e 4 mil paralímpicos de 200 origens diferentes.