Repórter da Record é agredido por bolsonaristas: ‘Nunca vi tanta gente louca’

"Entrei falando por telefone o que a gente tinha vivido, mas me vi perto da morte", disse o repórter Yuri Macri

03/11/2022 14:29

Yuri Macri, repórter da Record TV Rio Preto, foi agredido por bolsonaristas durante um bloqueio na rodovia Washington Luís, em Mirassol, interior de São Paulo. Na última quarta-feira, 2, o profissional foi cercado pelos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) quando estava ao vivo na Record News atualizando informações sobre o acidente com um carro, que que acabou atropelando 17 pessoas no protesto. “Nunca vi tanta gente louca e agressiva na minha vida”, desabafou.

Repórter da Record é agredido por bolsonaristas: ‘Nunca vi tanta gente louca’
Repórter da Record é agredido por bolsonaristas: ‘Nunca vi tanta gente louca’ - Reprodução/Record TV

O jornalista não conseguiu prosseguir relatando a notícia porque foi interrompido por gritos dos manifestantes e precisou chamar o âncora Rafael Algarte. “Vou precisar voltar com você aí, Rafa, porque o pessoal aqui acaba atrapalhando um pouco o nosso trabalho”, lamentou.

A câmera mostrou um grupo de pessoas ao redor de Macri enquanto levantavam as mãos e protestavam contra a transmissão da imprensa. Algarte ficou revoltado com a atitude dos bolsonaristas. “As pessoas precisam respeitar o que está acontecendo lá, é o trabalho de um repórter”, disse.

“A imprensa está lá para mostrar exatamente o que acontece, e quem está manifestando não vai atacar profissional, trabalhador. É impossível mostrar a situação lá neste momento. Não é assim, as coisas não são desta forma. Não é atacando a imprensa, repórter ou trabalhador, que vai resolver a situação. Tem que ser respeitado”, teceu críticas o âncora.

O repórter conseguiu retornar ao vivo para novas informações, porém relatou em seus Stories do Instagram que, durante o tempo em que não ficou no ar, levou chutes, pontapés e teve a roupa molhada com água jogada pelos manifestantes.

“Na sequência disso, juntaram umas 20 ou 30 pessoas. Eles tentavam tapar a lente da câmera. Ali, foi como se estivéssemos no meio de uma roda e todo mundo chutando e dando soco. Pensei ‘se eu cair aqui, eu morro’. Foi uma situação muito difícil”, desabafou Macri.

No momento em que as pessoas foram para cima, ele perdeu o microfone, recuperado depois por um manifestante que o ajudou a sair da multidão e pediu desculpas. “Entrei falando por telefone o que a gente tinha vivido, mas me vi perto da morte, mesmo. Nunca vi tanta gente louca e agressiva na minha vida”, disse.

Em nota, a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), repudiou as agressões sofridas por Macri e outros jornalistas durante as manifestações a favor de Jair Bolsonaro (PL). Confira na íntegra:

“A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) repudia as agressões sofridas por equipes de reportagens durante a cobertura das manifestações que perduram desde a segunda-feira (31), sendo acentuadas nesta quarta (2). As agressões físicas, lesão corporal grave à repórteres e impedimento do exercício do trabalho jornalístico ferem diretamente o direito à informação, assegurado pela Constituição Federal.

Para a Abratel, o livre exercício do jornalismo deve ser respeitado. A associação considera este tipo de ato inadmissível e injustificável. Acreditamos que preservar o trabalho da imprensa e resguardar a segurança dos profissionais de jornalismo são imprescindíveis para uma sociedade mais justa e equilibrada. Solicitamos que os fatos sejam apurados pelas autoridades. Prestamos solidariedade aos profissionais da Rádio Gaúcha, Record TV, SBT e Band.

A Abratel espera que situações similares não se repitam, e que profissionais e emissoras possam continuar a sua essencial missão de levar informação de qualidade à sociedade”.