Repórteres são xingadas e sofrem machismo em final do Paulista

O relato foi publicado pela campanha "Deixa Ela Trabalhar"

10/04/2018 11:35 / Atualizado em 05/05/2020 10:13

Torcedores palmeirenses foram filmados assediando e ofendendo as jornalistas
Torcedores palmeirenses foram filmados assediando e ofendendo as jornalistas

Três repórteres foram vítimas de machismo durante a cobertura da final entre Palmeiras e Corinthians no Allianz Parque, pelo Campeonato Paulista no último domingo, dia 8. Um grupo de torcedores palmeirenses foram filmados assediando e ofendendo as jornalistas.

“Entre os repórteres havia três mulheres. Duas delas, Mariana Pereira (Rádio Trianon e Site Esportudo) e Jade Gimenez ( Repórter na Rádio Coringão e Digital Esportes), foram gravemente ofendidas por um grupo de torcedores que as xingavam com insultos sexistas, além de fazerem gestos obscenos”, diz o relato publicado pela campanha “Deixa Ela Trabalhar” nas redes sociais.

Na mesma partida, outros profissionais foram alvo de cusparadas no campo e um torcedor arremessou uma lixeira plástica, de cerca de 1 metro de altura, em direção a uma equipe de web rádio na tribuna de imprensa.

Diante dos casos, a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp) divulgou nota lamentando os incidentes com jornalistas. A entidade afirmou que encaminhou para os presidentes do Palmeiras, da Federação Paulista de Futebol (FPF) e Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o pedido para que sejam tomadas atitudes para identificar e punir os autores dos atos.

“É repugnante que, no exercício da sua profissão, o jornalista seja agredido e desrespeitado. Infelizmente, não é a primeira vez e não se resume a um clube, a um jogador, a uma torcida, nem a um estádio especificamente. A cada dia a intolerância se faz presente nas praças esportivas com episódios lamentáveis de agressões”, escreveu a Aceesp.

Assista ao vídeo:

#DeixaElaTrabalhar

Durante cobertura do jogo entre Vasco e Universidade do Chile, pela Libertadores da América, no dia 14 de março, a repórter Bruna Dealtry, do canal Esporte Interativo, foi assediada com um beijo na boca de um torcedor. Incomodada com o ataque, a jovem comentou na transmissão: “Isso aqui não foi legal, né? Isso não precisava, mas aconteceu e vamos seguir o baile por aqui’.

O caso citado acima representa um exemplo do machismo que as mulheres vivem diariamente no jornalismo brasileiro. Foi pensando nisso que diversas profissionais da área esportiva se uniram para lançar a campanha #DeixaElaTrabalhar, em luta contra o assédio moral e sexual nas redações.

Bruna Dealtry, Fernanda Gentil e Cris Dias
Bruna Dealtry, Fernanda Gentil e Cris Dias

A ação inclui apresentadoras, repórteres, produtoras e assessoras de diversos veículos e emissoras, como a própria Bruna Dealtry, Fernanda Gentil, Cris Dias, Gabriela Moreira, Monique Danello, entre outras.

O grupo, composto por cerca de 50 mulheres, também publicou relatos sobre os casos sofridos. Entre as agressões, há desde comentários violentos até ameaças de estupro de torcedores nos estádios e nas redes sociais. Saiba mais sobre a campanha.

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