Revelado o motivo que levou o papa Bento XVI a renunciar
Papa emérito enviou carta a seu biógrafo semanas antes de morrer, no dia 31 de dezembro
O papa emérito Bento XVI revelou, em carta enviada a seu biógrafo semanas antes de morrer, que a insônia foi o “motivo central” de sua renúncia ao pontificado em 2013. O texto foi divulgado nesta sexta-feira, 27, pela revista alemã Focus.
Joseph Ratzinger, que faleceu em 31 de dezembro, aos 95 anos, mandou a carta em 28 de outubro para o jornalista alemão Peter Seewald.
Na carta, Bento XVI detalha que a “insônia o acompanhava sem interrupção desde a Jornada Mundial da Juventude de Colônia”, em agosto de 2005, meses depois de ter sido eleito sucessor de João Paulo II.
De acordo com a reportagem da revista Focus, o médico particular de Bento XVI receitou na ocasião “remédios potentes”, que em um primeiro momento permitiram a manutenção da carga de trabalho. Mas os soníferos atingiram seus “limites” com o tempo.
Os medicamentos também teriam motivado um incidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012.
Quem foi papa Bento XVI
Joseph Ratzinger, nasceu em Marktl am Inn, no estado da Baviera, na Alemanha, em 16 de abril de 1927. De 1946 a 1951 estudou filosofia e teologia na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Frisinga e na Universidade de Munique, ambas na Alemanha. Foi ordenado sacerdote em 1951, nomeado cardeal em 1977, e prefeito da Congregação Para a Doutrina da Fé em 1981.
Em 19 de abril de 2005, foi eleito papa, em sucessão a João Paulo 2º, que havia falecido 17 dias antes, em 2 de abril. Segundo o Vaticano, Ratzinger foi eleito pelos cardeais como o 265º sucessor do apóstolo Pedro, fundador da Igreja Católica Apostólica Romana.
O papado de Ratzinger durou oito anos. Em 10 de fevereiro de 2013, o papa Bento XVI publicou uma declaração de renúncia ao pontificado. Ele foi o primeiro pontífice a renunciar ao cargo em 597 anos. “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.
“O mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”, disse à [época.
“A fé e a educação da sua família preparou-o para a dura experiência dos problemas relacionados com o regime nazista: ele recordou ter visto o seu pároco açoitado pelos nazistas antes da celebração da Santa Missa e de ter conhecido o clima de grande hostilidade em relação à Igreja católica na Alemanha”, diz o site do Vaticano.