Rio 2016: o que promete a abertura dos Jogos Paralímpicos?

Acessibilidade, tecnologia e ecologia são alguns dos temas que devem pintar na abertura dos jogos paralímpicos, que acontece nesta quarta-feira, a partir das 17h30, no Maracanã

O Rio de Janeiro volta a viver o espírito dos olímpicos com a abertura das Paralimpíadas, que acontece nesta quarta-feira, 7, no Maracanã, a partir das 17h30. Sob o comando do trio formado pelo artista plástico Vik Muniz, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o designer Fred Gelli, a apresentação promete ser um misto de tecnologia e a beleza natural da Cidade Maravilhosa.

O que promete o espetáculo de abertura desta quarta-feira?

Está nas mãos do designer Fernando Gelli, de 49 anos, o roteiro de boa parte do espetáculo que acontece na tarde desta quarta-feira no Rio de Janeiro. Ele, que já atende pela criação do famoso coração em formato de infinito, marca dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, promete uma apresentação onde o amor prevalecerá acima de todas as diferenças.

“Desde os primeiros momentos da criação da cerimônia, entendemos que deveríamos usar o caminho da concepção da marca, que fala, acima de tudo, do que nos torna iguais, do que é comum a todos os humanos independentemente da forma do corpo, cor, sexo, se tem ou não deficiência, que é o coração. O coração pode ser a ponte entre as diferenças. E mais, seguindo a tônica da marca paralímpica, falar também da energia infinita que esses atletas têm para sair do fundo do poço depois de terem nascido com deficiências ou sofrido acidentes para chegarem ao alto do pódio. É um caminho inspirador para a vida de uma forma geral”, diz Gelli.

A imagem das três figuras humanas se abraçando — que também alude ao Pão de Açúcar e à própria palavra “Rio” — ganhou notoriedade internacional, dando a Gelli a chance de criar também o símbolo dos Jogos Paralímpicos.

Cerimônia aguça diferentes sentidos

Se os detalhes da festa do dia 7 de setembro estão muito bem guardados para que o público não deixe de se impactar diante do espetáculo prometido, o designer revela alguns conceitos que têm conduzido o trabalho dele e dos outros dois diretores nos últimos meses. E um dos mais fortes é justamente a proposta de apresentar uma cerimônia que consiga aguçar diferentes sentidos, conseguindo ativar as sensibilidades e percepções para além da visão.

“Vivemos numa sociedade que precisa ver para crer. É a ditadura da visão mas, curiosamente, a visão é o único sentido que nos engana, porque existe a ilusão de ótica. Nossa cerimônia será multissensorial, com um segmento que provoca porque vai além da visão. As pessoas com deficiências acabam desenvolvendo mais os sentidos, transformando a deficiência em potência”, diz o designer.

Tecnologia a favor da vida 

Outro ponto levado em conta pelos criadores da cerimônia é a relação entre o ser humano e a tecnologia. Para Gelli, este é um assunto fundamental no mundo paralímpico, já que, quase sempre, a performance dos atletas depende da qualidade das próteses ou da evolução na fabricação de cadeiras de rodas.

Para abordar o assunto na abertura, o designer e sua equipe visitaram o pesquisador norte-americano Hugh Herr, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Herr, que é alpinista e teve as duas pernas amputadas ainda na adolescência, se tornou uma das maiores autoridades mundiais no assunto.

As belezas naturais da Cidade Maravilhosa 

Após três décadas de carreira, Gelli tem em sua trajetória um trabalho pautado na natureza, unindo um design criativo e temas ecológicos.

Justamente por esta receita, as belezas naturais do Rio de Janeiro terão lugar garantido durante a abertura dos Jogos Paralímpicos. Uma festa que, nos sonhos do designer, pode impactar gerações futuras.