RJ: Escola envia carta alertando aos pais sobre a série ‘Round 6’

A escola expôs a preocupação pelas cenas de “violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos e pederastia" sendo vistas por crianças

06/10/2021 22:31 / Atualizado em 03/10/2022 09:18

A direção da Escola Aladdin, na zona oeste do Rio de Janeiro, enviou uma carta aos pais e responsáveis preocupada com a repercussão da série ‘Round 6, da Netflix, nos alunos e nesta quarta-feira, 6, o conteúdo viralizou em grupos de WhatsApp pela relevância.

“Round 6”: a série que está dando o que falar nas redes sociais e nas escolas
“Round 6”: a série que está dando o que falar nas redes sociais e nas escolas - Reprodução/Netflix

Na carta, a direção da escola se mostra preocupada pelos alunos do Ensino Fundamental – fase do ensino que engloba estudantes de até 14 anos, comumente – assistirem à produção da Netflix, uma das séries mais vistas da história da plataforma de streaming.

No documento, a escola reitera que ‘Round 6’ contem cenas de “violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, pederastia e palavras de baixo calão” ao longo dos seus nove episódios.

A direção da escola ficou sabendo da série por meio de crianças de 7 e 8 anos comentado sobre ‘Round 6’ nos horários de intervalo. Além das conversas, as crianças estavam brincando com os jogos feitos, que na série são relacionados ao assassinato dos personagens.

“Estranhamos muito isso, porque a série traz um teor inapropriado para a idade dos alunos. Sentimos necessidade de emitir esse alerta aos responsáveis. Muitos pais nos agradeceram, e o que está nos surpreendendo é que isso repercute além da comunidade escolar. Alcançou uma proporção maior e abriu um debate”, disse Fabiana Barreto, coordenadora pedagógica do Jardim-Escola Aladdin, ao jornal O Globo.

‘Round 6’ foi rejeitado pelos estúdios por mais de 10 anos

Com a viralização da carta, especialistas em educação passaram a debater o tema e segundo a presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, Katia Telles Nogueira, os pais devem exercer algum nível de controle.

“Proibir pura e simplesmente um adolescente de ver ‘Round 6’ é algo mais complexo. Os pais devem estar juntos dos filhos, gerenciando os horários a que eles têm acesso ao computador e ao streaming e propondo que a família assista à série junto. As crianças gostam dessa onda de K-pop. Elas ouvem as músicas e, muitas vezes, são atraídas para esse tipo de ação coreana. O que mais aconselho é a conversa entre pais e filhos. E se é para brincar, que seja fora da tela. Temos que tirar as crianças da tela. Este é nosso lema: menos tela, mais ação”, afirmou Katia.

Leia a íntegra da carta da direção da Escola Aladdin:

“CARTA ABERTA AOS PAIS E RESPONSÁVEIS

Prezados,

A parceria entre escola, família e sociedade é fundamental para o sucesso da Educação. Sendo assim, nosso objetivo com esta carta é alertar aos responsáveis sobre algo que temos escutado durantes os dias com nossos alunos e tem nos chamado atenção.

No dia 17 de setembro de 2021, foi lançada na NETFLIX a série ‘ROUND 6’. A série coreana, com classificação etária de 16 anos, está batendo os ‘records’ de audiência, inclusive nas redes sociais como: Facebook, Instagram e Tik Tok.

O conteúdo da série que contém: violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, pederastia, palavras de baixo calão entre outras coisas tem sido assunto entre nossos alunos durante o recreio e horários livres.

A série, utiliza-se de brincadeiras simples de criança como: ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’, ‘Bolas de gude’ e outras, para assassinar a ‘sangue frio’ as pessoas que não atingem o objetivo final. O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material.

Lembramos, apenas para informação, que canais de Streaming como a NETFLIX e outros possuem a ‘Restrição de visualização por classificação etária’, uma ferramenta preciosa para que nossas crianças acessem somente o conteúdo apropriado à sua idade.

Sabemos que é responsabilidade da família decidir o que é melhor para suas crianças, mas enquanto educadores temos o dever de alertar e honrar o compromisso com a Educação. Certos de sua compreensão, nos colocamos a disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário.

Atenciosamente, Direção”