RJ: Médico usa próprio carro para salvar a vida de bebê e é criticado
A pequena Lavínia, de 1 ano, sofreu corte profundo no pescoço e precisava ser transferida para um hospital mas não havia ambulância
Um médico usou o próprio carro para salvar a vida de uma bebê que estava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio de Janeiro e foi criticado por colegas de trabalho. O resgate da pequena Lavínia, de 1 ano, aconteceu nesta quarta-feira, 2.
A bebê precisava de uma cirurgia com urgência após sofrer um corte profundo no pescoço, mas por causa da pandemia de covid-19, não havia nenhuma ambulância disponível para transportá-la até o hospital, no momento.
Então, o médico Glauco Gomes mobilizou uma equipe, a colocou no seu carro e conseguiu chegar a tempo no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.
- Médica que usou rede social para xingar paciente é afastada
- Doria dispara contra Bolsonaro: ‘Pare de atrapalhar quem está salvando vidas’
Para sair da UPA, os médicos e enfermeiros contaram com a ajuda de moradores e motoboys que fecharam o trânsito para que o médico conseguisse manobrar o carro.
No trajeto, segundo contou o médico, as auxiliares estancavam o sangue da criança com a mão e a mantinham conectada a um tubo de oxigênio.
“Esperar a ambulância retornar para a unidade seria muito complicado, porque aquela criança estava hipovolêmica [perdendo muito sangue]. Resolvemos pegar essa criança e colocar num carro particular”, contou o profissional.
A pequena Lavínia sofreu o corte enquanto brincava no quintal de casa. Ela tropeçou e caiu em cacos de vidro, que lhe perfuraram o pescoço e causaram um profundo corte com intenso sangramento.
A mãe da bebê, Rhayane Amaral Alves, levou Lavínia para a UPA mais próxima e lá, a equipe médica constatou que a situação era muito grave e que uma cirurgia de emergência se fazia necessária.
O médico ainda contou que o socorro que prestou à bebê foi criticado por colegas de trabalho por ter infringido o Código de Ética ao utilizar o próprio carro para transportar a paciente.
“Eu faria tudo de novo se fosse preciso. Estou até agora recebendo mensagens e sendo criticado por infringir o Código de Ética, estou até agora respondendo aos meus colegas, mas eu faria tudo de novo. Essa história poderia ter sido completamente diferente. Se essa criança fosse a óbito, eu responderia com louvor ao código de ética, pois o que vale é a vida humana”, contou Glauco.
Há 20 anos, o médico trabalha na Vila Kennedy. Antes de se tornar médico, ele era professor de biologia e dava aulas na região. Há dois anos, atua como emergencista na UPA situada num bairro carente do Rio de Janeiro, às margens da Avenida Brasil.