Saiba o que aconteceu na IX Feira Preta

Por: Catraca Livre

A IX edição do maior evento da cultura negra na América Latina, a Feira Preta, aconteceu nesse último final de semana, dias 18 e 19 de dezembro e reuniu mais de 12 mil pessoas.

Primeiro ano no Centro de Exposições Imigrantes, a produção da Feira provou que pode surpreender positivamente seu público a cada ano que passa. De exposições à lançamentos de livros, de diversidade musical à sessões de curtas-metragens, o evento alcançou mais uma vez seu objetivo de reunir povos, tradições, história num único espaço. As pessoas presentes mostraram cor, movimento, estilo e identificação.

“Aqui é um espaço de reconhecimento do povo preto porque aqui podemos mostrar toda nossa musicalidade, toda nossa cultura, toda nossa afro descendência. Aqui, as crianças podem se expressar com seus cabelos, diferente se elas fossem ao colégio e a professora, de repente, pedisse para que tirassem suas tranças. Aqui, nós podemos andar com nosso Black Power, aqui nós usamos nossas roupas que realmente são ousadas e têm que ser ousadas porque somos ousados. Então a importância da Feira Preta é a manifestação da cultura afro-descendente” afirmou o mestre de cerimônia Max DMN.

O palco principal recebeu o rapper Emicida, Thiago Tomé (vencedor do concurso Preta in Festival), o Coral Renovation Mass Choir, e ainda, o trio estadunidense Nu Beginnings que levantou o público com os sucessos de black music e soul tais como “Killing Me Softly”, de Roberta Flack, “Sing a Song”, dos Carpenters e “I Want You Back”, do Jackson Five. Entre os sambistas estavam os Amigos do João em um samba de roda e o Quinteto Branco e Preto que subiu ao palco principal às 20h do dia 19.

Uma atração que chamou a atenção de todos os visitantes foi a mostra “Black Barbie” que realizou sua sexta exposição no Brasil. “Black Barbie” reúne 80 Barbies negras e temáticas, com princesas africanas e cantoras pop star. Segundo Carlos Keffer, colecionador das bonecas, o objetivo é que as crianças possam se ver nas bonecas negras e com isso haja identificação, logo, a criança se imaginará uma médica, uma atriz, uma empresária.

Além do Catraca Livre,marcaram presença na Feira o vereador de São Paulo, Netinho de Paula, o precursor do hip-hop no Brasil, Nelson Triunfo e o ator Lázaro Ramos que participou de uma sessão de autógrafos no stand da livraria Kitabu no lançamento de seu livro infantil, “A Velha Sentada”.

Nelson Triunfo contou sua posição sobre a importância da Feira Preta para a cultura negra no Brasil. “Esse é um movimento faz as pessoas que estão aqui saberem que é muito importante nossa convivência. Essa auto-estima de saber que o negro é lindo é capaz e que pode sim conquistar as coisas com igualdade. Tudo que visa é a oportunidade e se não tiver, a gente vai buscar através da sabedoria, do conhecimento.”

Segundo a escritora Fernanda Felisberto, o espaço é importante para divulgação da literatura afro brasileira, porém a venda no evento já tem seu público certo e garantido. Outro passo a ser tomado no Brasil é a divulgação da literatura em outros campos, começando nas escolas.

“Aqui tem vários espaços. Teve o ato ecumênico que mostra os extremos e as diferenças, respeitando cada um. E isso é muito importante. Não é só a festa, a galera que vem pra ver e ser vista. Tem essa consciência cultural. Não ter só o intuito de se divertir. Se divertir também, mas se divertir com consciência e reconhecer que a nossa cultura é muito rica”, disse o Dj Puff que comandou o som do palco principal, no domingo.

Claudia de Miranda Carvalho Lima, frequentadora da Feira Preta desde 2006, disse que a cada ano a Feira aparece com uma surpresa e com uma cara nova, porém, considera que uma vez por ano é muito pouco e o evento deveria acontecer o ano inteiro porque “ele faz toda a diferença e a Feira só veio para somar”.

Se você perdeu a Feira Preta neste ano ou nunca participou, a chance é de conhecê-la em 2011, ano em que completará uma década de existência e se tornará evento oficial no calendário da cidade de São Paulo.