Secom equipara comunismo com nazismo em campanha: ‘mal do mundo moderno’
Campanha da Secom se utiliza de retórica nacionalista
Às vésperas do 198º aniversário da Independência do Brasil, o governo Bolsonaro lançou nas redes sociais uma websérie para exaltar os heróis brasileiros. No primeiro episódio, o filme equipara o comunismo ao nazismo, ao qual classifica “maior mal do mundo moderno”.
A campanha é estrelada pelo ator Mário Frias, atual secretário especial da Cultura. No vídeo, ele aparece contemplando obras de arte e objetos históricos, como um exemplar da Constituição de 1891, lendo um texto com pausas dramáticas e citações ao hino nacional.
No texto de divulgação da campanha, a Secom (Secretaria de Comunicação) se utiliza de retórica nacionalista, falando sobre “uma identidade nacional erigida com amor ao próximo e à pátria, com devoção, sacrifício e bondade”.
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“Às vésperas do Sete de Setembro, iniciamos a série ‘Um Povo Heroico’. Começaremos honrando a memória de heróis anônimos, com ápice no dia 5/9, cinco anos de um ato de extrema bravura, sacrifício e amor ao próximo de um morador de rua na Praça da Sé”, diz o texto da Secom (Secretaria de Comunicação).
Em seguida, a secretaria cita os soldados veteranos do Exército brasileiro que atuaram na Segunda Guerra Mundial e classifica o nazismo como “maior mal do mundo”, ao lado do comunismo.
“Depois, lembraremos os Pracinhas que combateram a tirania do nazismo (maior mal do mundo moderno, ao lado do comunismo)”, continua Mário Frias.
Na publicação, a Secom afirma que o objetivo da ação é resgatar a história do Brasil supostamente “vilipendiada”. “O Brasil tem História. Uma História com verdadeiros líderes, respeitados intelectuais e grandes heróis nacionais. Alguns, conhecidos; muitos, ignorados. Uma História tão bela e grandiosa quanto desprezada e vilipendiada por anos de destruição da identidade nacional”, diz o texto.
Comunismo criminalizado
O tom adotado pela secretaria na campanha vai de encontro aos posicionamentos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que anunciou no começo da semana um projeto de lei que tem como objetivo criminalizar a ideologia comunista e compará-la ao nazismo.
Eduardo Bolsonaro quer alterar a Lei de Segurança Nacional (7.170) e punir com 9 a 15 anos de prisão opositores políticos identificados com o comunismo. Para justificar a medida, ele utiliza o nazismo, que já está prevista na Lei de Crimes Raciais (7.716) e prevê 2 a 5 anos de reclusão.