Segundo o Vaticano, bispos não são obrigados a denunciar abuso infantil

Indicado ao Oscar, Spotlight: Segredos Revelados resgata série de denúncias de abuso sexual que derrubaram o bispo Bernard Law em 2001

12/02/2016 17:21

Uma das produções favoritas à estatueta do Oscar em 2016, o filme Spotlight:Segredos Revelados remonta ao ano de 2001 para contar a história de um grupo de repórteres do jornal norte-americano “The Boston Globe” e a investigação que causou a renúncia do cardeal Bernard Law do arcebispado da cidade. À época, a igreja católica encobertou dezenas de crimes de abuso sexual em meio a denúncias contra 150 padres, prisões e indenização de milhões de dólares.

Quinze anos depois, o tema ganha fôlego após o Vaticano divulgar um documento que sugere a isenção de bispos em casos de denúncias de abuso infantil envolvendo clérigos. No comunicado, ao invés de reportar um eventual incidente à polícia, orienta-se que os bispos abordem eventuais casos internamente, restringindo à igreja.

Cena do filme Spotlight: Segredos Revelados, em cartaz nos cinemas de todo país
Cena do filme Spotlight: Segredos Revelados, em cartaz nos cinemas de todo país

Em nota oficial, o Vaticano manifestou sua opinião por meio do monsenhor e psicoterapeuta francês, Tony Anartrella: “Não é necessariamente o dever dos bispos denunciar os suspeitos às autoridades, à polícia ou à promotoria local no momento em que ficam cientes dos crimes ou atos pecaminosos”, informa um guia destinado, sobretudo, aos novos bispos que participam de um programa de formação.

Ainda que reconheça seu envolvimento em crimes passados, como destaca o trecho “A igreja tem sido particularmente afetada por crimes sexuais contra crianças”, o texto resgata estatísticas que associam abusos sexuais contra menores a ambientes domésticos ou familiares.

Tolerância zero

Desde que assumiu seu papado, em 2013, uma das primeiras exigências de papa Francisco foi pedir “tolerância zero” contra abusos de menores ou adultos vulneráveis, quando enfatizou. “Tudo deve ser feito para livrar a igreja da praga do abuso sexual”.