Selfies com animais silvestres ameaçam espécies na Amazônia
A ONG Proteção Animal Mundial lançou um relatório para analisar os impactos das fotos na vida silvestre
A maior frequência de turistas tirando selfies com os animais silvestres tem provocado o aumento no sofrimento e na exploração de algumas espécies icônicas da Amazônia. É o que diz o relatório “Foco na Crueldade: o impacto prejudicial das selfies com vida silvestre na Amazônia”, lançado pela ONG Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) nesta quarta-feira, 4, Dia Mundial dos Animais.
Desde 2014, o Instagram recebeu 292% a mais de fotos no formato selfie com a vida silvestre e cerca de um quarto dessas fotos são as consideradas “cruéis”, pois mostram pessoas abraçando ou interagindo inadequadamente com os animais.
Com o objetivo de reverter esse cenário, a ONG lançou a campanha mundial “Silvestres. Não entretenimento” para acabar com a retirada forçada do ambiente natural e a crueldade aplicada a animais usados em atrações turísticas como passeios e shows.
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Segundo a Proteção Animal Mundial, o turismo para experiências positivas com a vida silvestre é aquele em que os visitantes podem observar os animais no seu habitat natural, como em reservas ou santuários. Hoje, mais de 550 mil bichos vivem em cativeiro e são abusados em nome de um suposto entretenimento turístico.
A instituição também atua junto aos governos dos países para que que eles passem a garantir que as empresas de viagens e os indivíduos que exploram animais selvagens para o turismo na Amazônia respeitem as leis já existentes. Além disso, a organização acaba de lançar o “Código da Selfie“, que instrui turistas a tirarem fotos com responsabilidade sem alimentar a indústria cruel do entretenimento.
Steve McIvor, CEO da Proteção Animal Mundial, afirma que “a mania das selfies é um fenômeno mundial alimentado por turistas que, muitas vezes desconhecem as condições abomináveis e os tratamentos terríveis aos quais os animais silvestres são sujeitados para fornecerem uma foto de lembrança especial”.
Durante o levantamento da pesquisa, os investigadores descobriram evidências de maus tratos em diversas situações. Veja algumas abaixo:
- Bichos-preguiça capturados da natureza amarrados às árvores com cordas;
- Pássaros, como os tucanos, com abscessos graves nas patas;
- Sucuris verdes com sinais de desidratação e feridas;
- Jacarés presos ou imobilizados com elásticos de borracha em torno da mandíbula;
- Uma jaguatirica mantida em uma pequena e árida gaiola;
- Um peixe-boi preso em um pequeno tanque no pátio de um hotel local;
- Um tamanduá gigante maltratado e espancado por seu dono.
Na Amazônia, em cidades como Manaus (Brasil) e Puerto Alegria (Peru), os pesquisadores desvendaram que muitos animais são extraídos da natureza, em sua grande maioria ilegalmente, para serem utilizados irresponsavelmente como atrações turísticas.
Usando como exemplo a preguiça, esses animais são usados como atração para fotos tipo selfie, causando um extremo impacto negativo em seu bem-estar. Por causa da sua biologia e comportamento, as preguiças são particularmente vulneráveis a esse tipo de interação humana e, provavelmente, não sobrevivem até seis meses nesse ambiente hostil.
De acordo com o Conselheiro Global de Vida Silvestre da instituição, Dr. Neil D’Cruze, na América Latina, região com uma das vidas silvestres mais emblemáticas, os pesquisadores descobriram que mais de 20% das espécies envolvidas nessas atrações estão ameaçadas pela extinção e mais de 60% estão protegidas pelo direito internacional.
Para aumentar a proteção desses animais e mantê-los na natureza, assine aqui o “Código da Selfie“.
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