Seminário Estética da Periferia termina hoje

A ONG Ação Educativa e o Centro Cultural da Espanha promoverão nos dias 2, 3 e 4 maio de 2011 o “Seminário Estética da Periferia: arte e cultura nas bordas da metrópole”. O evento que faz parte das estratégias do Pontão de Cultura – Cultura de Periferia Arte e Mobilização Social conta com a parceria do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo e da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, através do Pavilhão das Culturas Brasileiras e do Programa VAI – Valorização de Iniciativas Culturais.

A ideia é reunir artistas, pesquisadores acadêmicos, gestores, pensadores da cultura, jornalistas e ativistas para fazerem uma aprofundada reflexão sobre a arte produzida nas periferias urbanas do Brasil.

Pretende-senão mais discutir a cultura de periferia apenas como fenômeno social. Este debate já está colocado há algumtempo. Não se trata mais de reconhecer a cultura das periferias e sim de investigar essa produção cultural.

Clique aqui e veja a programaçã o completa

Confira a entrevista com Eleilson Leite, historiador, programador cultural, coordenador do Programa de Cultura da ONG Ação Educativa

Catraca Livre: O que você entende por estética da periferia?

Eleilson Leite: Não existe apenas uma estética. Existem estéticas. Estética é a ciência do belo, cujo estatuto data de 1750. Trata-se,portanto, de uma concepção recente. Desde Platão e Aristóteles, existia a poética, que era a forma pela qual se estudava o processo de criação artística.

O parâmetro de análise me parece mais amplo. Estética tem uma relação com uma visão elitista da arte. Creio que a periferia produz uma estética distinta e muito interessante em todas as linguagens artísticas: cinema, teatro, música, dança, literatura e artes visuais.

Nos últimos anos assistimos a várias produções originais, cuja proposta estética tem uma fundamentação na forma de vida nas periferias. O JAMAC – Jardim Miriam Arte Clube – nas artes plásticas; Grupo Clariô – no Teatro; Capulanas e Umojá – na dança; Cine Becos e Vielas, – no vídeo; Sergio Vaz e Ferréz – na literatura e os sambas das rodas de samba de comunidade – na música são exemplos disso.

CL: Como você pensa a cultura que é produzida fora dos centros das cidades daqui a alguns anos? Quais são as novas possibilidades para os produtores e artistas?

O caminho é a profissionalização. Não que eu ache isso certo ou errado, mas me parece inexorável. Veja: a 1DaSul, organização criada pelo escritor Ferréz já está no seu 12º ano. O Samba da Vela fez 10 anos no ano passado também.

O que há em comum entre essas três iniciativas, além do fato de serem da periferia da Zona Sul de São Paulo: todos têm figura jurídica, dão nota fiscal, estão organizadas para vender sua arte como serviço.

Por enquanto, os grupos estão acessando os editais do Poder Público: VAI, PROAC E Pontos de Cultura. Logo estarão captando recursos com projetos aprovados na Lei Rouanet ou no PROAC – ICMS, entre outros instrumentos de renúncia fiscal. Talvez essa busca leve à perda do romantismo inerente às manifestações espontâneas.

Catraca Livre: Sobre acesso: você acha que cada vez mais as pessoas estão de deslocando na cidade?

O deslocamento está bastante frequente. Na Cooperifa, por exemplo, que fica na Zona Sul, é comum encontrar pessoas de outras partes da Zona Sul e também da Zona Leste e Oeste. Mas há muito o quê se fazer neste sentido. Creio que a Ação Educativa dá uma importante contribuição com a Agenda Cultural da periferia – um guia cultural que revela o circuito cultural dos arrabaldes metropolitanos.

Por Redação