Shoot the shit: coletivo realiza intervenções urbanas há 4 anos

Publicitários usam a criatividade e muito bom humor para transformar Porto Alegre

Que tal parar de reclamar das coisas que nos incomodam e fazer algo pra mudar?

Foi isso que o Gabriel Gomes e o Luciano Braga fizeram. Os publicitários estavam frustrados com o mercado saturado da profissão e incomodados com os problemas da cidade que viviam. Uniram as inquietações e criaram a Shoot the Shit.

Os guris já realizaram 12 intervenções em Porto Alegre, e outros pelo Brasil

O nome parece agressivo, mas, nada mais é que uma expressão, em inglês, que significa “trocar ideias”. Tudo começou em 2010. Na companhia de mais um amigo, eles realizaram a primeira intervenção urbana em Porto Alegre: “Salve uma vida, apague seu cigarro”. A ação foi destacada por sites de publicidade.

Mas foi no ano seguinte que os guris tornaram Shoot the Shit um nome conhecido. Veículos de comunicação locais e de alcance nacional queriam contar a história dos três amigos que usaram os buracos das ruas da capital gaúcha para jogar golfe. “Porto Alegre: paraíso do golfe” viralizou rapidamente e atingiu mais de 80 mil visualizações no YouTube em uma semana. A repercussão foi gigante e trouxe reconhecimento aos jovens. E o melhor: todos buracos foram tapados.

Com o passar do tempo, mais ideias foram se desenvolvendo e mais projetos “do bem” foram sendo realizados. São tantos, que não dá pra contar nos dedos. É possível conhecer todos clicando aqui. Fora uma parceria que eles têm com um colégio particular de Porto Alegre, as intervenções são financiadas por eles. Ou pelo menos começam assim. A Shoot the Shit não é fonte de renda de nenhum dos dois. Apenas uma forma de semear boas ideias.

Com ideias simples Luciano Braga e Gabriel Gomes realizam intervenções urbanas para melhorar Porto alegre

Dificuldades também surgiram pelo caminho. Um dos projetos foi criticado pelo poder público e chegou a ser chamado de “vandalismo” pela Empresa Pública de Transportes e Circulação de Porto Alegre. O projeto nada mais é do que um adesivo com a pergunta “Que ônibus passa aqui?”, que deveria sem preenchido de forma colaborativa por quem utilizava a parada de ônibus. A polêmica foi rechaçada pelos moradores da cidade, que apoiaram a iniciativa. Logo, a EPTC cedeu e até fez uma parceria com os publicitários.

Um dos critérios para aplicar uma ideia é que ela seja simples. Uma das intervenções mais recentes é um bom exemplo. Munido de um giz e muita paciência, Luciano e outro amigo criaram um caça-palavras no tapume de um prédio em construção. Quem passava por ali, podia se divertir no “Caça-felicidade”. O desafio: encontre a expressão que te deixa feliz.

Atualmente, Gabriel mora no Rio de Janeiro e Luciano continua em Porto Alegre. Os dois seguem com as intervenções, que ultrapassaram os limites da capital gaúcha e se espalharam pelo Brasil. A 3ª edição do “Que ônibus passa aqui” recebeu 75 apoiadores no Catarse e arrecadou quase R$1700 reais para produção de novos adesivos.