Sobreviventes do massacre em Suzano relatam o que aconteceu
"A cena de ter visto tanta gente morta no chão foi horrível", contou uma estudante sobrevivente
Sobreviventes do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), na manhã desta quarta-feira, 13, relataram o que aconteceu no momento em que os atiradores, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Henrique de Castro, de 25, entraram na escola.
“Estávamos todos no pátio, e nossas salas trancadas. Quando ouvimos o primeiro disparo, nós pensamos que era algo caindo. Todo mundo olhou pro portão de entrada, mas ignoramos. Depois vieram dois em seguida. Todo mundo começou a correr e a entrar nos banheiros, na cantina. Eu e meus amigos entramos no banheiro masculino, que fica mais escondido. Só deu tempo de ver o primeiro menino caindo no chão. Eles não paravam de atirar. O banheiro que eu estava ficou lotado. Todo mundo chorando, e tentando falar com a policiais. Ficamos com medo de eles não acreditarem e acharem que era trote. A gente começou a pedir pra amigos através do WhatsApp ligarem também”, disse uma adolescente ao jornal Extra que não foi identificada por segurança.
A sobrevivente disse ainda que uma das vítimas era da sua sala e tinha 17 anos. Ele foi identificado como Cleiton Antônio Ribeiro.
“O Cleiton era um amor de pessoa, acho que a pessoa mais pura e inocente que eu conheci. Meus amigos disseram que ele ficou parado e levantou as mãos, então tomou dois tiros. Ele era bem reservado, muito tímido. Ele era quieto, sempre na dele. Um menino simples e gentil. Eu nunca conheci alguém tão bom como ele”, contou.
O massacre abalou muito os adolescentes ali presentes. “Meu pai foi pra escola me buscar imediatamente. Eu abracei meu pai na hora e ele não me soltou mais. Fomos assim até o carro. E ele me tirou de lá o mais rápido possível, me trouxe pra casa. Aqui minha mãe me ajudou a me acalmar, porém a cena de ter visto tanta gente morta no chão foi horrível” disse a estudante.
Uma outra sobrevivente contou que estava na cantina no momento do tiroteio. Ela relatou que conseguiu sobreviver porque se escondeu no banheiro.
“Era o momento do intervalo, o pátio estava cheio. Eu estava na cantina na hora e consegui correr pro banheiro. Eles não falavam nada, não olhavam pra ninguém, apenas atiraram. Quando tentei passar pelo portão, vi alguns colegas já feridos no chão. Meu namorado foi pro hospital, com um tiro de raspão, mas não tenho mais informações além disso porque perdemos o contato. Um dos meninos já estava dentro da escola e o outro entrou. O que eu soube é que ele é aluno do 3º ano do ensino médio, mas eu não o conhecia”, relatou.