Suicídio de três estudantes gera debates em escolas de SP
O suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil
Três casos recentes de suicídio de estudantes em colégios particulares de São Paulo geraram debates nas redes sociais nas últimas semanas e preocuparam os pais. Em pouco mais de dez dias, dois alunos do ensino médio do Bandeirantes, um dos mais tradicionais da cidade, se suicidaram dentro de suas casas.
A escola enviou uma nota neste domingo, dia 22, informando as famílias sobre a segunda morte e, desde então, surgiram informações não confirmadas sobre outros casos em colégios da capital. Ao Estadão, o Colégio Agostiniano São José, instituição católica na zona leste, informou que houve um suicídio na semana passada.
No ano passado, um estudante do Vértice, na zona sul, também se matou. Assim como o Bandeirantes, a escola está no topo de rankings de notas Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tem altos índices de aprovação nas melhores universidades do Brasil e internacionais.
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Risco de suicídio: prevenção, como identificar e onde buscar ajuda
O Bandeirantes estava em período de provas para todos os anos. Depois do primeiro caso, no último dia 10, o colégio consultou um especialista e organizou atividades para discutir o assunto com os alunos, o que começaria ontem. No entanto, anteontem outro estudante se matou.
Nesta segunda-feira, dia 23, crianças de todas as idades fizeram rodas de conversas mediadas por professores. “Nós temos expectativas de alto desempenho dos nossos alunos, mas também desenvolvemos muito o lado humano”, afirmou a coordenadora Estela Zanini.
Os alunos do Bandeirantes eram de anos diferentes do ensino médio e não tinham o mesmo grupo de amigos. Em 39 anos de história da escola, houve um caso de suicídio há 15 anos e outro há cerca de 30.
O suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil, de acordo com dados do primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, em 2015 65,6% dos óbitos nessa faixa etária foram por causas externas: violências e acidentes.
Prevenção
Se estiver precisando de ajuda ou souber de alguém que esteja, o CVV (Centro de Valorização da Vida) presta atendimento por meio do telefone 188. Também é possível entrar em contato via internet, e-mail, chat e Skype 24 horas por dia.
A psicóloga Camila Reis lista uma série de comportamentos suicidas e como ajudar essas pessoas. Segue abaixo uma lista de como identificar um comportamento suicida e lidar com o tema:
1. Observe os padrões comportamentais da pessoa
Entre as pessoas que se matam, há uma forte presença de um sofrimento profundo. Além disso, é comum vê-las remoendo pensamentos de forma obsessiva, sem conseguirem parar de fazê-lo. A vida para elas não tem sentido, se sentem sem esperança e incapazes de mudar a sua condição, por isso não encontram outro modo para se livrar desse sofrimento.
É comum ver pessoas depressivas e suicidas sem energia para realizar tarefas básicas. Se você notar que uma pessoa está com falta de energia e fica o dia inteiro na cama, com dificuldades para tomar decisões que antes resolvia normalmente e perda de interesse em atividades que antes lhe eram prazerosas, essa pessoa está precisando de ajuda. Tente ouvi-la, conversar em um tom acolhedor e suave e procure uma ajuda profissional. A acompanhe e mostre o quanto você está ao lado dela. Leia o artigo “10 frases que só atrapalham pessoas com doenças psicológicas“.
2. Reconheça as drásticas mudanças de humor
Todos têm mudanças de humor durante o dia e isso é natural. Em alguns momentos, você pode se sentir ótimo e vem uma notícia ruim ou um feedback negativo e a partir daí você muda de humor: fica triste ou, ainda, se achar que foi injusto, fica com raiva.
Entretanto, algumas pessoas sofrem alterações de humor extremas. Elas podem se sentir com um enorme vazio e tristeza. Pode ocorrer também um forte sentimento de raiva ou vingança, irritabilidade exagerada, intenso sentimento de culpa ou vergonha, como também sentem-se sozinhas, mesmo estando com outras pessoas. Pessoas que têm transtorno Bipolar ou borderline apresentam sentimentos extremos e podem agir de forma impulsiva. Fique atento a essas mudanças repentinas e exageradas. Se acredita que alguém corre risco imediato, ligue para a emergência (disque 190).
3. Dê ouvidos aos alarmes e avisos verbais
A dor é tão profunda e o sofrimento tão sufocador que parece que não há outra saída. Em um ato de desespero e pedido de ajuda, a pessoa que está pensando em tirar a sua própria vida grita por socorro. Ela geralmente fala: “não aguento mais”, “quero sumir”, “quero morrer”, “minha vida não vale a pena”, “não aguento essa dor”, “você vai sentir a minha falta quando eu for”, “vocês vão ficar melhores sem mim”, “era melhor não ter nascido” e outras falas que têm o sentido parecido.
Muitas pessoas não dão ouvidos a esses comentários e acham que são formas de chamar atenção. Já ouvi muito comentários como: “Quem quer se matar, se mata, não fica avisando”. Este é um dos maiores absurdos: para cada morte há entre 10 e 20 tentativas. Quem tenta se matar uma vez, pode tentar se matar de novo.
Preste atenção quando ouvir alguém falar assim. Ela pode estar querendo te dizer algo e estar com um sofrimento profundo, se sentindo limitada. Procure uma ajuda especializada.
4. Note mudanças inesperadas
Continue lendo aqui: 8 formas de identificar um comportamento suicida
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