Suspeito de estupro, padrasto culpa enteada: ‘Ela é uma diaba’

O homem ainda agrediu a mãe da criança; veja como denunciar abuso infantil

16/08/2019 10:22

A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes
A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes - iStock/tzahiV

Um homem, de 25 anos, está sendo procurado pela Polícia Civil no Guarujá, litoral de São Paulo, suspeito de estuprar uma criança e agredir a companheira, uma vendedora, de 27, dentro de casa. Segundo a mãe, antes de fugir, ele foi flagrado abusando da menina e justificou: “Ela é uma diaba”.

O casal se relacionavam há cinco anos e tem uma bebê de um ano e sete meses. A criança vítima de estupro, de seis anos de idade, é filha apenas da vendedora. As informações são do G1.

De acordo com o boletim de ocorrência, na última quarta-feira, 14, a mulher se deitou para descansar e estranhou o silêncio que fazia dentro da casa. Então, foi até a porta do quarto da filha mais velha e viu o suspeito na cama com o órgão genital à mostra e passando a mão na menina.

A mãe tentou agredir o homem, mas ele a conteve e disse que o crime foi causado pela própria criança. “Ela é uma diaba. Você tem uma diaba em casa”, teria dito.

Em seguida, a vendedora acionou a Polícia Militar. O suspeito fugiu em seguida, afirmando que “acabaria com sua vida”. A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes.

O caso foi registrado como estupro de vulnerável, violência doméstica e vias de fato na Delegacia Sede de Guarujá.

Como denunciar casos de abuso infantil

Diariamente, crianças e adolescentes são expostos à violência sexual. Até abril de 2019, o Disque 100 recebeu mais de 4 mil denúncias de abuso infantil em todo o Brasil, mas sabemos que esses dados não estão nem perto da realidade, uma vez que ainda é difícil ter estatísticas que realmente abranjam o problema de forma real.

Isso se dá por inúmeros fatores como, por exemplo, pelos tabus que cercam a educação sexual de jovens, pelo preconceito e pelo silêncio das vítimas (que às vezes não entendem o que está acontecendo com elas) e pela “vergonha” e falta de informação sobre o assunto de familiares.

Segundo o estudo da Rainn, a maior organização social contra a violência sexual dos Estados Unidos, 93% dos casos acontecem quando o agressor é próximo e tem “poder” sobre a vítima, como pais, primos, tios, avôs, vizinhos e professores.

Tipos de abuso infantil

É importante lembrar que abuso sexual, violência sexual e pedofilia são coisas distintas.  Segundo o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes:

Pedofilia: Consta na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e diz respeito aos transtornos de personalidade causados pela preferência sexual por crianças e adolescentes. O pedófilo não necessariamente pratica o ato de abusar sexualmente de meninos ou meninas. O Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não preveem redução de pena ou da gravidade do delito se for comprovado que o abusador é pedófilo.

Violência Sexual: A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes é uma violação dos direitos sexuais porque abusa e/ou explora do corpo e da sexualidade de garotas e garotos. Ela pode ocorrer de duas formas: abuso sexual e exploração sexual (turismo sexual, pornografia, tráfico e prostituição).

Abuso sexual: Nem todo pedófilo é abusador, nem todo abusador é pedófilo. Abusador é quem comete a violência sexual, independentemente de qualquer transtorno de personalidade, se aproveitando da relação familiar (pais, padrastos, primos, etc.), de proximidade social (vizinhos, professores, religiosos etc.), ou da vantagem etária e econômica.

Exploração sexual: É a forma de crime sexual contra crianças e adolescentes conseguido por meio de pagamento ou troca. A exploração sexual pode envolver, além do próprio agressor, o aliciador, intermediário que se beneficia comercialmente do abuso. A exploração sexual pode acontecer de quatro formas: em redes de prostituição, de tráfico de pessoas, pornografia e turismo sexual.

*Grooming consiste em ações de sedução cometidas por um adulto para contatar uma criança pela Internet com o objetivo de ganhar sua confiança e amizade.

**Sexting é a troca de mensagens virtuais de conteúdo sexual por meio, principalmente, de celulares

VEJA COMO DENUNCIAR CASOS DE ABUSO CONTRA CRIANÇAS.