Suspeito de estupro, padrasto culpa enteada: ‘Ela é uma diaba’

O homem ainda agrediu a mãe da criança; veja como denunciar abuso infantil

A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes
Créditos: iStock/tzahiV
A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes

Um homem, de 25 anos, está sendo procurado pela Polícia Civil no Guarujá, litoral de São Paulo, suspeito de estuprar uma criança e agredir a companheira, uma vendedora, de 27, dentro de casa. Segundo a mãe, antes de fugir, ele foi flagrado abusando da menina e justificou: “Ela é uma diaba”.

O casal se relacionavam há cinco anos e tem uma bebê de um ano e sete meses. A criança vítima de estupro, de seis anos de idade, é filha apenas da vendedora. As informações são do G1.

De acordo com o boletim de ocorrência, na última quarta-feira, 14, a mulher se deitou para descansar e estranhou o silêncio que fazia dentro da casa. Então, foi até a porta do quarto da filha mais velha e viu o suspeito na cama com o órgão genital à mostra e passando a mão na menina.

A mãe tentou agredir o homem, mas ele a conteve e disse que o crime foi causado pela própria criança. “Ela é uma diaba. Você tem uma diaba em casa”, teria dito.

Em seguida, a vendedora acionou a Polícia Militar. O suspeito fugiu em seguida, afirmando que “acabaria com sua vida”. A menina relatou à mãe que os casos de abuso sexual já ocorreram outras vezes.

O caso foi registrado como estupro de vulnerável, violência doméstica e vias de fato na Delegacia Sede de Guarujá.

Como denunciar casos de abuso infantil

Diariamente, crianças e adolescentes são expostos à violência sexual. Até abril de 2019, o Disque 100 recebeu mais de 4 mil denúncias de abuso infantil em todo o Brasil, mas sabemos que esses dados não estão nem perto da realidade, uma vez que ainda é difícil ter estatísticas que realmente abranjam o problema de forma real.

Isso se dá por inúmeros fatores como, por exemplo, pelos tabus que cercam a educação sexual de jovens, pelo preconceito e pelo silêncio das vítimas (que às vezes não entendem o que está acontecendo com elas) e pela “vergonha” e falta de informação sobre o assunto de familiares.

Segundo o estudo da Rainn, a maior organização social contra a violência sexual dos Estados Unidos, 93% dos casos acontecem quando o agressor é próximo e tem “poder” sobre a vítima, como pais, primos, tios, avôs, vizinhos e professores.

Tipos de abuso infantil

É importante lembrar que abuso sexual, violência sexual e pedofilia são coisas distintas.  Segundo o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes:

Pedofilia: Consta na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e diz respeito aos transtornos de personalidade causados pela preferência sexual por crianças e adolescentes. O pedófilo não necessariamente pratica o ato de abusar sexualmente de meninos ou meninas. O Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não preveem redução de pena ou da gravidade do delito se for comprovado que o abusador é pedófilo.

Violência Sexual: A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes é uma violação dos direitos sexuais porque abusa e/ou explora do corpo e da sexualidade de garotas e garotos. Ela pode ocorrer de duas formas: abuso sexual e exploração sexual (turismo sexual, pornografia, tráfico e prostituição).

Abuso sexual: Nem todo pedófilo é abusador, nem todo abusador é pedófilo. Abusador é quem comete a violência sexual, independentemente de qualquer transtorno de personalidade, se aproveitando da relação familiar (pais, padrastos, primos, etc.), de proximidade social (vizinhos, professores, religiosos etc.), ou da vantagem etária e econômica.

Exploração sexual: É a forma de crime sexual contra crianças e adolescentes conseguido por meio de pagamento ou troca. A exploração sexual pode envolver, além do próprio agressor, o aliciador, intermediário que se beneficia comercialmente do abuso. A exploração sexual pode acontecer de quatro formas: em redes de prostituição, de tráfico de pessoas, pornografia e turismo sexual.

*Grooming consiste em ações de sedução cometidas por um adulto para contatar uma criança pela Internet com o objetivo de ganhar sua confiança e amizade.

**Sexting é a troca de mensagens virtuais de conteúdo sexual por meio, principalmente, de celulares

VEJA COMO DENUNCIAR CASOS DE ABUSO CONTRA CRIANÇAS.