Tatuador que se fantasiou de goleiro Bruno é demitido
"Além da minha dor, existe a dor do meu neto, que é uma criança de 11 anos que não tem voz ainda", afirma Sonia Moura, mãe de Eliza Samudio
Um tatuador que se fantasiou de goleiro Bruno foi demitido do estúdio que trabalhava em Manaus, no Amazonas. Uma foto dele vestindo a camisa do Flamengo, e com o nome Bruno escrito nela, foi publicada em uma conta do Instagram de uma espaço que promovia uma festa de Halloween. Com ele, ainda estavam um saco de lixo com o nome de Eliza Samudio, modelo que foi brutalmente assassinada por Bruno.
A empresa que fez a postagem, apagou a imagem e pediu desculpas.
“O estúdio não compactua com qualquer forma de incitação à violência contra a mulher. Deixando bem claro que o colaborador foi demitido, não fazendo mais parte do quadro de funcionários”, escreveu o “El Cartel Tatuaria”.
- Halloween da Disney tem magia, vilões, doces e adultos fantasiados
- Mulher é assassinada por namorado em festa de reconciliação
- BBB 23: Gabriel compara cabelo de Bruno com carpete e é detonado na web
- Justiça concede liberdade condicional ao goleiro Bruno
Depois, o estúdio comandado pelo tatuador Giovane Araújo disse que o homem demitido era sócio e que a parceria foi desfeita depois da publicação.
Sonia Moura, mãe de Eliza Samudio, disse que irá acionar a Justiça para a reparação do ato que trouxe dano à imagem da filha. “Isso não vai ficar assim. Vou tomar providência quanto a isso. Além da minha dor, existe a dor do meu neto, que é uma criança de 11 anos que não tem voz ainda, que não tem como defender a mãe”, afirmou ela.
Ao retirar a imagem do ar, o “Porão do Alemão”, casa de show em que o dono é um vereador de Manaus, afirmou que a publicação foi realizada por um estagiário de 20 anos. O funcionário, que teria dito não ter conhecimento dos detalhes do crime, também foi afastado do cargo.
Sonia diz ter ficado indignada com o desrespeito à memória de sua filha e teme o impacto da exposição, principalmente podendo atingir seu neto.
“Ele está em transição pra adolescência. É um momento complicado da vida dele, e as pessoas querem fazer o quê? Querem plantar raiva, ódio nele? Daqui a pouco vão fazer comparação dele com o pai. Eu tento preservar ele dessas coisas, não alimento ódio, nem mágoa do pai. Mas pra quê? Pra surgirem pessoas desse tipo e fazerem o que estão fazendo?”, enfatiza a mãe de Eliza Samudio.
‘Feminicídio não é fantasia’
João Tayah, delegado da Polícia Civil do Amazonas, também se manifestou nas redes sociais para alertar sobre o artigo 287 do Código Penal. “Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime” tem pena de “detenção, de três a seis meses, ou multa”.
“Feminicídio não é brincadeira, feminicídio não é fantasia”, disse o delegado no Twitter. “Infelizmente a pena é considerada baixa, mas é suficiente para demandar a intervenção policial e instauração do devido Termo Circunstanciado de Ocorrência para apurar a conduta delituosa e verificar as razões pelas quais a pessoa adotou tal comportamento.”
O policial ainda falou que o suspeito vai ter que prestar esclarecimentos às autoridades. “Qualquer estabelecimento noturno que venha a presenciar fantasias que sejam ofensivas às mulheres, que façam referência elogiosa ou de apoio a qualquer tipo de evento criminoso já ocorrido no Brasil pode acionar a delegacia da área pra que a pessoa seja conduzida e preste esclarecimentos sobre as razões de adotar esse tipo de comportamento.”