Temendo racismo, jogador pede para família não ir à Rússia
Danny Rose, lateral-esquerdo da Inglaterra, acredita que as autoridades não conseguirão impedir ofensas raciais durante a Copa do Mundo
A uma semana da Copa do Mundo na Rússia, muito se fala sobre questões a respeito do comportamento da sociedade anfitriã do evento – sobretudo em relação a temas como racismo e homofobia.
Como consequência disso, o lateral-esquerdo da seleção inglesa, Danny Rose, pediu à família que não vá à Rússia assisti-lo durante a competição por conta do histórico racista da país-sede. O jogador do Tottenham acredita que as autoridades e a Fifa não conseguirão impedir eventuais ofensas raciais ao longo da disputa que tem início na próxima quinta-feira, 14.
Em entrevista ao jornal inglês Evening Standard, ele argumentou. “Não estou preocupado por mim. Mas falei para a minha família não ir à Rússia por causa do racismo e tudo mais que possa acontecer. Não quero me preocupar com a segurança dos meus parentes enquanto me preparo para um jogo. Qualquer coisa que aconteça comigo, nada será maior do que se minha família sofrer algum tipo de ataque”.
Rose também lamentou a ausência do pai, que, diante deste contexto, não poderá assistir a competição. “Ficou chateado, disse que talvez nunca mais possa me ver atuar em uma Copa do Mundo. Foi emocionante ouvir isso. É triste. De algum modo a Rússia conseguiu sediar esse Mundial e temos de lidar com isso”.
Casos recentes reacendem debate
Em março, durante a partida entre França e Rússia, em São Petersburgo, que acabou 3 a 1 para visitantes, a União Russa de Futebol foi multada em 22 mil libras (cerca de R$ 111 mil reais) por conta de ofensas racistas. Rose considera a punição branda. “Multa de 22 mil libras é nojento. O que esperam com isso? Não quero soar arrogante, mas 22 mil libras não fariam diferença nem para mim. Não tenho fé no sistema de justiça, por isso não deixo nada me afetar”, afirmou o jogador, que, em 2012, foi alvo de cânticos racistas durante o Campeonato Europeu Sub-21 sediado na Sérvia – na época, a federação do país foi multada em 65 mil libras (aproximadamente R$ 327 mil).
Sobre a possibilidade de enfrentar novas ofensas racistas, o jogador revelou que se sente “anestesiado”. “Estou tranquilo para qualquer coisa que possa acontecer comigo, gosto de pensar que vou agir da forma correta. Nós jogadores tivemos uma reunião. Disseram que devemos apoiar uns aos outros, questionaram o que deveríamos fazer se xingarem um dos nossos. Perguntei se a gente vai lá jogar futebol ou mudar o mundo. Eu estou anestesiado. Se eu sofrer injúria racial, eu sofri. Nada vai mudar. Não deveria ser assim, mas é”.
A Inglaterra vai estrear na Copa do Mundo contra a Tunísia, em 18 de junho, na Arena Volgogrado./Com informações do Estadão.
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