The Economist critica Bolsonaro e denuncia ‘velório’ da Amazônia
"O Brasil tem o poder de salvar a maior floresta tropical da Terra — ou destruí-la", afirma o editorial da revista britânica
“O velório para a Amazônia: a ameaça do desmatamento descontrolado”. Esta é a mensagem na capa da edição desta semana da revista britânica The Economist, um dos principais veículos sobre economia e política do mundo. No editorial, a publicação denuncia as políticas de meio ambiente do Brasil e faz duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo a revista, a maior floresta do mundo está próxima de um “ponto de inflexão”, ou seja, do qual já não haveria mais tempo de retornar. “O Brasil tem o poder de salvar a maior floresta tropical da Terra — ou destruí-la”, diz o texto.
“Bolsonaro está acelerando o processo, em nome, ele afirma, do desenvolvimento. O colapso ecológico que suas políticas podem precipitar seria sentido com mais intensidade nas fronteiras de seu país, que circunda 80% da bacia — mas iria muito além delas. Precisa ser evitado”, continua.
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De acordo com o editorial, desde que Bolsonaro assumiu a Presidência, “as árvores estão desaparecendo a uma taxa de mais de duas ilhas de Manhattan por semana”. Dados do Inpe mostram um aumento de 40% no desmatamento entre 1º de agosto de 2018 a 31 de julho deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2018.
A revista alerta que o mundo não deve tolerar o “vandalismo” do presidente brasileiro e ainda sugere ações concretas, como boicote a produtos exportados pelo país.
“Empresas de alimentos, pressionadas pelos consumidores, devem rejeitar a soja e a carne produzidas em terras amazônicas exploradas ilegalmente. Os parceiros comerciais do Brasil devem fazer acordos contingentes de seu bom comportamento. O acordo alcançado em junho pela União Europeia e pelo Mercosul, do qual o Brasil é o maior membro, já inclui dispositivos para proteger a floresta tropical. Aplicá-los é esmagadoramente do interesse das partes. O mesmo vale para a China, que está preocupada com o aquecimento global e precisa da agricultura brasileira para alimentar sua pecuária”, pontua o editorial.