Trajetória de superação de violência doméstica de paraense inspira criação de organização que acolhe mulheres

Portal Setor 3 entrevistou Célia Colares

“Hoje sou muito feliz e tenho gratidão por tudo que tenho”, afirma sorrindo a paraense Célia Colares durante entrevista ao Setor3. Vaidosa e animada com o carnaval, Célia compartilhou sua história de violência doméstica com seu ex-marido durante 18 anos. Na época, conseguiu a ajuda de amigos, conquistou um trabalho e sustentou e criou oito filhos em Manaus (AM).

Sua filha inspirada com sua trajetória, teve a ideia de criar uma organização que atendesse e acolhesse mulheres que também passam por uma situação similar e precisam de ajuda. Para isso, Silvana Colares, advogada e filha de Silvia, criou o Centro de Referência de Amparo a Mulher mãe Célia Colares(CRAMER), em julho de 2010.

A organização surgiu da necessidade de buscar soluções para mulheres em situação de violência doméstica e em vulnerabilidade social que residam em área de risco, alugado, cedido e de baixa renda na cidade de Manaus. Dessa forma, o CRAMER promove ações de sustentabilidade ambiental e social, com foco principal para mulheres em situação de risco pessoal. Realiza palestras, atendimento psicológico, pedagógico, jurídico e social. Há ainda oficinas de prevenção às drogas, DST/Aids, orientação e apoio sociofamiliar com o intuito de resgatar a cidadania e a solidariedade para melhorar a qualidade de vida delas e de suas famílias.

Portal Setor3- Como foi a relação com seu ex-parceiro?

Célia Colares- Desde criança sofri, passei oito anos em colégio interno, longe da minha mãe. Senti muita falta dela. Meu pai que obrigou a me colocar lá, meus pais eram separados na época e ela não tinha condições de nos sustentar. Ela não tinha condições de trabalhar e recebia apoio de um amigo dela, um vizinho. Esse vizinho se tornou meu marido. Eu me achei na obrigação de ficar com ele. Ele era mais velho do que eu uns 12 anos de diferença. Ele me pediu em casamento, não relutei. Como ele ajudava minha mãe e me tratava bem, aceitei. Pensava que era um bom homem.

Fui mãe aos 18 anos de idade. Casei no dia 14 de março de 1959 e fiquei com ele por 18 anos. Ele mudou após o casamento, não me tratou bem nem na lua de mel. Como não tinha nem 18 anos, um amigo meu que trabalhava no cartório me ajudou a alterar minha idade no documento para não precisar da autorização dos meus pais.

Confira aqui a entrevista na íntegra, feita por Susana Sarmiento.