Trans demitida do ‘Amor & Sexo’ afirma que há ‘muita hipocrisia’

A trans Barbara Aires trabalhou durante dois anos no programa

Na última quinta-feira, dia 2, a Rede Globo exibiu uma edição especial do “Amor & Sexo” sobre identidade de gênero, preconceito e questões relacionadas à comunidade LGBT. Após o programa, Barbara Aires, transexual que foi produtora da atração, resolveu desabafar em sua conta pessoal no Facebook.

De acordo com a funcionária, ela trabalhou por dois anos como consultora do “Amor & Sexo”. No início, Fernanda Lima era apenas apresentadora, mas depois se tornou redatora final junto com seu empresário. No entanto, quando o contrato da trans chegou ao fim, não houve renovação.

“Me vi desempregada em 1º de janeiro de 2014. E era justamente minha maior expectativa de empregabilidade fixa, pois dias antes eu havia tido uma conversa com o RH, mostrado meu serviço, e estava tudo acertado para na renovação eu deixar de ser, no contrato, consultora e me tornar pesquisadora”, relata.

A mulher trans publicou um relato nas redes sociais sobre sua demissão do programa

Após algum tempo, Aires conseguiu um emprego na consultoria de um quadro do Fantástico, entre outros freelas, e agora trabalha como assessora parlamentar.

“Mas por que você está explanando isso só agora? Primeiro, que a exibição do programa foi propícia. Muita falsidade e hipocrisia, não aguento. Muito fácil se dizer sem preconceito, fazer discursos lindos, falar de empregabilidade, e usar uma trans apenas como estilista. Mas quando pode manter uma trans na produção, não, imagina. Ou pra ter ibope, como foi hoje”, continua.

“E segundo, que antes, eu não estava empregada. Não pegava bem eu falar sobre isso, poderia me queimar. Mas hoje conhecem meu potencial, meu trabalho. E eu era sozinha né. Se eles quisessem me cobrar eu estaria sozinha para me defender. Hoje eu sei que se eles quiserem fazer algo, tenho como e com quem me defender e onde me apoiar”, completa.

O Catraca Livre tentou entrar em contato com a emissora para comentar o caso, mas não obteve retorno até a publicação desta nota.

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