Travestis e transexuais contam suas histórias de vida no Museu da Pessoa

Projeto "Conte Sua História" reúne depoimentos de vida e de luta

24/09/2014 12:47 / Atualizado em 04/05/2020 14:58

À margem do mundo, escondidas entre esquinas, lá estão eles: travestis e transexuais, profissionais da vida, sem direito à carteira de trabalho, sem direitos humanos, civis e políticos. Personagens de uma crônica mal contada, obrigatoriamente esquecida, que ganhará voz com a sequencia do projeto “Conte sua História”. Realizada pelo Museu da Pessoa, a ação resgata memórias, relatos e a dignidade dos depoentes.

Com apoio do programa SOS Dignidade, desenvolvido pelo Instituto Cultural Barong, a ação recebe os participantes no estúdio localizado na sede do museu, em São Paulo, para registrarem e terem suas trajetórias transformadas em acervo.

A série de vídeos conta histórias como a de Heloísa, que desde muito nova sentiu-se uma mulher na pele de um homem, mas teve que se virar para bancar seus tratamentos e acabou tendo que se prostituir. Ou a de Penélope Jolie, que foi expulsa de casa pela mãe quando começou a tomar hormônios. E Carla Bruna, que chegou a ser ameaçada pelo avô quando soube de sua escolha.

Em seu depoimento Penélope Jolie recorda a infância pobre em São Paulo, uma época de poucas brincadeiras na favela onde morava
Em seu depoimento Penélope Jolie recorda a infância pobre em São Paulo, uma época de poucas brincadeiras na favela onde morava

As participantes foram recebidas no estúdio, localizado na sede do museu, para registrar suas trajetórias e transformá-las em acervo, para tentar acabar com o preconceito e a intolerância, e valorizar peças importantes na construção da memória de uma sociedade. “Mediante a reflexão dessas pessoas sobre suas vidas, conseguimos resgatar a dignidade delas como cidadãos”, diz Barry Michael Wolfe, diretora do Instituto Cultural Barong.