Três jovens negros são mortos em ação da PM em Salvador
Familiares acusam policiais de execução; crime ocorreu na comunidade da Gamboa
Uma ação da Polícia Militar da Bahia resultou na morte de três jovens negros na comunidade Solar do Unhão, que na Gamboa, em Salvador, na madrugada de terça-feira, 1.
Alexandre dos Santos, 20, Cleberson Guimarães, idade não revelada, e Patrick Sapucaia, 16, estavam em um bar da região e foram baleados. As informações são do UOL.
A PM disse, em nota, que os policiais foram recebidos a tiros após ir até o local verificar uma denúncia sobre homens que estariam armados em um estabelecimento comercial, por volta das 2h.
A nota da polícia diz ainda que trio foi morto em uma troca de tiros com os policiais, e que teria feito uma pessoa refém. Essa versão é contestada pelos moradores, que relatam que os PMs chegaram atirando e jogando gás lacrimogêneo em direção ao bar onde estavam os rapazes.
Familiares das vítimas afirmam ainda que jovens foram abordados, levados a um imóvel abandonado e baleados. Eles chegaram a ser socorridos ao Hospital Geral Estadual (HGE), mas já chegaram sem vida.
“Esses policiais pegaram o meu filho e os outros dois rapazes para matar. Se não fosse isso, eles não estariam encapuzados”, disse Silvana dos Santos, mãe de Alexandre, ao UOL.
“A polícia encurralou três meninos que nada deviam. Depois que mataram, eles [os militares] lavaram até a casa lá. Usaram lençóis que estavam em um varal e plantaram armas e drogas, como sempre fazem. Queremos que a justiça seja feita”, declarou uma líder comunitária.
Segundo a PM, foram apreendidos com os jovens três armas de fogo — um revólver calibre 38; duas pistolas, sendo uma de calibre .40 e outra de calibre 380–, drogas, celulares, uma balança eletrônica e R$ 172 em espécie. Familiares negam que os rapazes eram traficantes.
Protestos
Após a ação policial, um grupo de moradores fez um protesto na região nesta terça-feira,1. Entidades que fazem parte da ‘Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador’ também se manifestaram sobre as na Gamboa.
“A violência policial permanece como prática corriqueira e naturalizada contra moradores da Gamboa de Baixo. Os depoimentos de testemunhas apontam que as mortes dos jovens não foram decorrentes de resistência e que não houve qualquer reação ou troca de tiros. A polícia não agiu em legítima defesa! Afirmamos que toda pessoa tem direito à vida, ao devido processo legal e a um julgamento imparcial, sendo inadmissíveis execuções arbitrárias como aconteceu”, diz a nota.
Saiba como denunciar violência policial
Destacamos diferentes ferramentas de denúncia contra a violência policial. Além da agressão física, configura-se também pela intimidação moral, no uso ilegal e ilegítimo da força ou da coação. Seja por meio de órgãos públicos ou plataformas digitais, confira dicas sobre como denunciar violência policial:
Disque 100
Canal de comunicação que possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra os direitos humanos e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas públicas.
Ouvidoria de PM
Recebe denúncias contra policiais militares e civis que, eventualmente, tenham cometido atos arbitrários ou ilegais; Faz a apuração das queixas. A denúncia pode ser feita anonimamente, por meio de carta e-mail ou telefone.
Em São Paulo, por exemplo, a denúncia pode ser feita até online.
Corregedoria das polícias Civil e Militar
Criado para apurar desvio de conduta policial, órgão pode instaurar inquérito policial quando o crime é cometido por agentes de segurança e, neste caso, encaminhado à justiça comum.
Ministério Publico – MP
Tem como função processar infratores e fiscalizar ações de órgãos públicos envolvidos em investigação criminal, como polícia e órgãos de perícia.
DefeZap
Desenvolvido em 2016 pelas organização Nossas, a plataforma tem como objetivo dar visibilidade à questão da segurança pública e defesa dos direitos humanos.
A plataforma recebe denúncias de violência policial, realiza apurações preliminares e encaminha casos aos órgãos competentes. Conheça a plataforma.