Três países e, ao mesmo tempo, um só filme. Isso acontece no FILE

Cinema com tecnologia capaz de projetar uma superimagem e com transmissão em tempo real é uma das atrações do File

29/07/2009 10:35

Na próxima quinta-feira, 30, o cinema dará mais um passo para sua evolução. O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica- FILE terá a missão de transmitir em tempo real a première da película “Enquanto a Noite Não Chega”, para o público presente no festival e para as Universidades da Califórnia, em San Diego (EUA) e Keio, em Yokohama (Japão).

O longa-metragem é o primeiro do Brasil a ser finalizado, pela O2 Filmes, em 4ks (8.000.000 de pixels), ou seja, o público assiste a uma película em altíssima definição. “É a primeira vez que a tecnologia encosta no sal de prata”, afirma o diretor Beto Souza. Baseado no livro homônimo do escritor gaúcho Josué Guimarães, a obra aborda a questão da morte através da imagem de uma cidade em ruínas, com apenas três habitantes; dois idosos e um coveiro.

Para o diretor, “Enquanto a Noite não Chega” é um filme melancólico e seu conteúdo não foi construído através da capacidade tecnológica nele investido, apesar de suas paisagens terem sido exploradas graças a ele.

Enquanto

Para o projeto ser concretizado, ele contou com a parceria de empresas como a japonesa Sony, responsável por ceder um dos três projetores existentes no Brasil, avaliado em R$ 300 mil e a Telefônica, responsável pelo cabeamento, tarefa essa custosa, uma vez que o caminho a ser percorrido se estendeu da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na Consolação, ao auditório da Fiesp, na avenida Paulista.

A emoção da noite será, portanto, a transmissão em tempo real, algo inédito no Brasil e realizado pela primeira vez no hemisfério sul. Se obtido sucesso, esse tipo de projeção simultânea poderá acender a discussão sobre a possibilidade de extinção dos negativos e da criação de links e intervenções dentro de filmes, durante sua projeção.

“O projeto é uma alternativa de linguagem que conta com mais de sessenta colaboradores de diversos países, todos unidos de maneira colaborativa”, comenta Jane de Almeida, professora do programa de pós-graduação em Educação e Arte e História da Cultura.

Na sexta-feira, 31, às 10 h, será realizada uma videoconferência, aberta ao público, para debater a transmissão junto com as universidades envolvidas e com a participação do ministro da Cultura, João Luiz Silva Ferreira.