Três réus são condenados pela morte de Jandira após aborto no Rio

Jandira Magdalena dos Santos Cruz morreu em 2014 após realizar um aborto em uma clínica clandestina do Rio de Janeiro

Jandira Magdalena foi morta em 2014 após realizar aborto clandestino no Rio e, em seguida, teve o corpo carbonizado pelos acusados
Créditos: Arquivo Pessoal
Jandira Magdalena foi morta em 2014 após realizar aborto clandestino no Rio e, em seguida, teve o corpo carbonizado pelos acusados

A Justiça do Rio de Janeiro condenou três pessoas pela morte de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, que morreu em 2014, após a realização de um aborto clandestino em uma “clínica” de Campo Grande, na zona oeste do Rio. A sentença foi proferida nesta sexta-feira, 10.

Os réus Rosemere Aparecida Ferreira, apontada como chefe da quadrilha, foi condenada a 35 anos e seis meses de detenção; Vanusa Vais Baldacine, responsável por levar a vítima para o local onde o procedimento foi realizado, pegou 15 anos e seis meses de prisão; Carlos Augusto Graça, falso médico responsável pela realização do aborto, teve pena de 26 anos e seis meses de reclusão.

“Valeram-se da vulnerabilidade de mulheres que, muitas vezes, em situação de desespero, como é o caso aqui retratado, submeteram-se à ‘clínica’. Além de realizar atividade ilícita, a quadrilha operava com cirurgião sem diploma em medicina, sem qualquer cuidado com higiene e assepsia, instaurando um verdadeiro açougue humano, expondo a risco inúmeras mulheres. Tudo visando o lucro fácil”, destacou o juiz ao preferir sentença.

Jandira Magdalena foi morta em 2014 após realizar aborto clandestino no Rio e, em seguida, teve o corpo carbonizado pelos acusados
Créditos: Arquivo Pessoal
Jandira Magdalena foi morta em 2014 após realizar aborto clandestino no Rio e, em seguida, teve o corpo carbonizado pelos acusados

Entenda o caso

Jandira Magdalena dos Santos Cruz morreu em agosto de 2014 após realizar um procedimento de aborto no quinto mês de gestação em uma clínica clandestina do Rio de Janeiro.

A vítima foi morta durante o procedimento e, em seguida, seu corpo foi carbonizado em um carro em Mangaratiba.

Entre as testemunhas que prestaram depoimentos contra os réus, um policial afirmou que a quadrilha agia com “regularidade” na prática de abortos clandestinos e que os três acusados teriam admitido o aborto em Jandira. Ainda, ele apontou Rosemere como a mandante pelo desmembramento do corpo da vítima.

Justiça feita

Joyce Santos, irmã de Jandira, disse que o sentimento agora, após a decisão que condenou todos os réus, é de “justiça feita”.

“A Jandira cometeu um erro e pagou com a pena de morte. Eu esperava que eles pegassem uma pena justa. E sinto que isso aconteceu”, afirmou ela, segundo o G1.

Já a mãe, Maria Ângelo dos Santos Cruz, também acredita que “a justiça foi feita”. “Agradeço muito a Deus, mesmo sabendo que isso não vai trazer minha filha de volta. Mas é um consolo pro meu coração saber que outras não vão morrer mais”.

A cada dois dias, uma mulher morre vítima de aborto ilegal no Brasil

Apesar da criminalização, uma em cada cinco mulheres terá abortado até os 40 anos no Brasil. As mais ricas pagam ginecologistas de confiança para fazer o procedimento ou procuram clínicas. Quem tem menos recursos opta por medicamentos como misoprostol (Cytotec) ou se arrisca até mesmo com ervas tóxicas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a cada dois dias uma mulher morre vítima de aborto ilegal no Brasil. É a quarta causa de morte materna no país, atingindo mais mulheres pobres.

No link abaixo, veja o preço que o país paga pela criminalização do aborto