Uber agride passageiro negro por confundir garrafa com arma
O motorista agressor tentou fugir quando a polícia foi acionada, mas a população que viu a injustiça acontecendo com o jovem não deixou ele sair do local
Um motorista da Uber agrediu um passageiro negro em uma corrida na noite da última quinta-feira, 17, no Rio de Janeiro, após ter confundido uma garrafa de uísque com uma arma. O objeto estava dentro de uma bolsa do jovem tem 18 anos e acusa o motorista de aplicativo de racismo. A agressão, ocorrida em Vila Isabel, na Zona Norte, foi gravada por uma pessoa que passava pelo local.
https://twitter.com/rafa_b4rbosa/status/1593457857864900608
O agressor foi identificado como Matheus Fortes Esteves. O passageiro que sofreu o ataque é o jogador de futebol Carlos Eduardo.
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O jogador de futebol disse que estava no bairro do Andaraí e chamou um carro de aplicativo para encontrar com a mãe em Bonsucesso, que também fica na Zona Norte. Segundo o rapaz, tudo estava tranquilo. Durante a viagem, Carlos e Matheus chegaram até conversar.
“Eu estava distraído, com a mão na cabeça, olhando pela janela. Ele deu uma puxada no freio de mão e me deu uma cotovelada. Em seguida, ele falou: ‘perdeu, neguinho’. Aí, nisso que ele falou ‘perdeu, neguinho’, ele já me pegou no mata-leão”, relatou o jovem chorando.
“Eu juro por Deus que eu não fiz nada com o cara. Eu estava de boa conversando, e ele fez isso comigo”, completou.
Carlos Eduardo diz que o motorista o agrediu quando faltava pouco para a corrida acabar, depois do motorista achar que ele era um assaltante.
“Eu estava com uma bolsa, que tinha guardado meu uísque, porque eu ia na festa e ia beber com meu primo. Aí, ele simplesmente olhou a bolsa e ligou que fosse uma arma de fogo, achando que eu ia roubar ele”, disse o jogador de futebol.
Durante a confusão, Matheus Fortes Esteves teria puxado Carlos Eduardo para fora do carro. O atleta disse ter ficado com muita vergonha depois de ter sido agredido.
“Eu não queria ter passado por isso, não. Eu nunca imaginei passar por isso na vida. Nunca maltratei ninguém. Sempre tratei todo mundo bem”, falou Carlos Eduardo.
Segundo o jogador de futebol, depois das agressões, ele recebeu apoio de pessoas que caminhavam pelo local. Algumas pessoas abriram a bolsa que ele carregava e confirmaram que, dentro dela, só tinha realmente uma garrafa de bebida alcoólica, e não uma arma, como apontado anteriormente pelo motorista.
O corpo de Matheus ficou com marcas da agressão física. A Polícia Militar foi acionada. Conforme as testemunhas, Matheus ainda tentou fugir, porém foi impedido por quem avistou as agressões.
“O rapaz não estava armado, não estava com nada. Simplesmente, a polícia demorou a chegar um pouco. Quando chegou, tentou amenizar o caso, mas a população ainda ficou revoltada, porque afirmaram que era um racismo. Eu não aceito isso, entendeu? É uma coisa muito triste”, contou a vendedora Thainá Nascimento, que testemunhou a confusão.
A vítima e o agressor foram encaminhados para a 20ª DP (Vila Isabel). Na delegacia, o caso foi registrado como lesão corporal. Porém, Carlos Eduardo diz que o crime, na verdade, foi outro.
“Eu acho que eu fui vítima de racismo, né. Mais uma vítima de racismo. Eu só peço que pelo menos a Justiça faça sua parte. Não peço mal dele, não”, finaliza o jogador de futebol.
Em nota, a Uber disse que o motorista vai ficar com a conta desativada enquanto o caso for investigado. A empresa declarou ainda que não tolera qualquer forma de discriminação e que, em casos como esse, encoraja as denúncias tanto no aplicativo quanto às autoridades policiais.