Universidade no Japão fraudava notas de mulheres no vestibular

A instituição alterou as pontuações das candidatas para garantir mais homens médicos no país

A faculdade alterou as pontuações das candidatas desde 2006
Créditos: Universidade de Tóquio/Wikimedia Commons
A faculdade alterou as pontuações das candidatas desde 2006

A Universidade de Medicina de Tóquio, no Japão, admitiu manipular os resultados dos exames de ingresso na instituição por mais de uma década para restringir o número de mulheres e garantir mais homens médicos no país. A fraude veio à tona na imprensa japonesa na semana passada e foi confirmada nesta terça-feira, 7, por um grupo de investigadores.

A faculdade alterou todas as notas do vestibular japonês ao menos desde 2006. A justificativa da instituição é a de que as mulheres “abandonariam o curso precocemente” para cuidar dos filhos e família. Por isso, era preciso limitar o número de alunas.

Em coletiva de imprensa, os diretores da universidade negaram ter conhecimento sobre o esquema. Segundo eles, todos aqueles que teriam passado nos exames seriam readmitidos, mas não falaram como isso seria feito.

“Pedimos sinceras desculpas pelas graves irregularidades envolvendo os exames de admissão que causaram preocupação e problemas para muitas pessoas e traíram a confiança da sociedade. Houve uma falta de sensibilidade para as regras da sociedade moderna, em que as mulheres não devem ser tratadas de forma diferente por causa de seu gênero”, declarou Tetsuo Yukioka, diretor administrativo da instituição.

Yukioka também negou que as mulheres aceitas na instituição sofram algum tipo de discriminação. No entanto, ele admitiu que muitas das estudantes não têm permissão para se tornarem cirurgiãs.

Investigação

O esquema de fraude foi descoberto durante a investigação de um caso de propina dentro da faculdade.

Masahiko Usui, ex-presidente do conselho de administração, e Mamoru Suzuki, ex-presidente da universidade, foram acusados de suborno por aumentar as notas do filho de Futoshi Sano, ex-funcionário do Ministério da Educação, em troca de tratamento preferencial em um programa do governo.

No mesmo levantamento, o grupo constatou que a instituição havia reduzido em 20% das pontuações das candidatas nos testes da primeira fase. No caso dos homens, as notas eram elevadas em ao menos 20 pontos. Ainda não há dados de quantas mulheres foram prejudicadas em todos esses anos.