Vídeo mostra que Bolsonaro quis troca na PF para proteger família

“Querem f* com minha família”, disse o presidente e depois salientou que não iria esperar sua família ser prejudicada

12/05/2020 17:19 / Atualizado em 13/05/2020 21:41

Vídeo da reunião ministerial, de 22 de abril, citado pelo ex-ministro Sergio Moro, em seu depoimento à Policia Federal (PF), no inquérito aberto após suas declarações ao deixar o governo,  mostra que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quis trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro para proteger sua família.

Vídeo mostra que Bolsonaro quis troca na PF para proteger família
Vídeo mostra que Bolsonaro quis troca na PF para proteger família - Agência Brasil

Segundo Bolsonaro, seus familiares estariam sendo perseguidos em apurações da Polícia Federal no Rio e por isso trocaria o superintendente. “Querem f* com minha família”, disse Bolsonaro na reunião cuja gravação foi exibida nesta terça-feira, 12, as partes envolvidas no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a acusação feita por Sergio Moro de que o presidente tentava interferir politicamente na PF, o que é considerado ilegal e pode configurar crime.

No vídeo, Bolsonaro – que apresentava um tom de irritação e mau humor – ainda diz que se não pudesse fazer a troca na PF-RJ, ele substituiria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça – que na época era Sérgio Moro.

Na reunião, Bolsonaro diz ainda que não iria esperar sua família ser prejudicada e informa Moro que iria trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, por Alexandre Ramagem – atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo da família Bolsonaro.

Na reunião, Sergio Moro se recusou e afirmou: “não isso eu não topo”. Falou com generais que participam do governo, mas não adiantou. Bolsonaro estava irredutível, porque Ramagem era a pessoa de sua confiança, que lhe abriria relatórios de inteligência e poderia de alguma forma blindar investigações.

Bolsonaro, após a saída de Moro do governo, ele tentou colocar Ramagem na direção geral da PF, mas foi barrado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, no STF. O presidente, então, optou pelo delegado Rolando de Souza, que trabalhou com Ramagem na Abin.

Em nota divulgada nesta terça-feira, o advogado do ex-ministro Sergio Moro, Rodrigo Sanchez Rios, disse após a exibição do vídeo da reunião ministerial que “o material confirma integralmente” as declarações de seu cliente ao anunciar sua saída do governo e no depoimento prestado à Polícia Federal.

Agora, caberá ao ministro Celso de Mello, responsável pelo processo no STF, decidir se levantará ou não o sigilo do vídeo da reunião ministerial.