Villa sai da Jovem Pan após suspensão ao criticar Bolsonaro
"Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição", disse o jornalista
O professor, historiador e comentarista Marco Antonio Villa deixa a rádio Jovem Pan após ter sido suspenso em meio a críticas contra Bolsonaro.
Marco Antonio Villa anunciou a sua saída da rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira, 24, e contou que houve acordo para a rescisão do contrato estabelecido pelas duas partes. “Eu decidi que não queria mais voltar para a Pan. Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição”, disse ele ao portal UOL, por telefone.
Após quatro anos e meio de serviços prestados à emissora, Villa cita a frustração em ter que deixar a rádio “dessa forma”. “Fiquei entristecido com a minha saída, gostava muito de trabalhar lá, mas infelizmente acabou dessa forma, que não era a melhor forma que eu queria que terminasse essa relação. Eu fiz de tudo para ter uma saída elegante, não queria sair batendo a porta”, avalia ele.
Villa contou que já foi sondado por duas empresas, TV e rádio, mas prefere não se adiantar. “Tenho contatos, tenho conversas”
Entenda o caso
Em sua última participação no “Jornal da Manhã”, em maio, Villa disse que Bolsonaro era despreparado e estava estimulando o neonazismo no país ao convocar atos para atacar o Supremo e o Congresso.
“Um presidente não tem compostura, não tem preparo. Não tem articulação política. Reforça a crítica ao parlamento, estimulando atos neonazistas, como do próximo dia 26, que é claramente no sentindo de fechar o Supremo, fechar o Congresso e impor a ditadura. E o presidente estimula isso”, disse Villa.
Esse comentário teria sido a gota d’água para a direção da emissora afastar o apresentador, A direção da rádio nega que o pedido tenha partido do presidente Bolsonaro.
“O Grupo Jovem Pan jamais cedeu a pressões de governantes e nunca transformou a liberdade de expressão em moeda de troca”, diz o comunicado.
Em entrevista à “Veja São Paulo” no final de maio, o jornalista contou que sofria pressões da emissora para que deixasse suas funções havia pelo menos dois meses.