Vítima de agressão denuncia homofobia em festa na UFSCar
Em nota, a Universidade afirma que instalou comissão para apurar o caso
“Nada justifica uma covardia desse nível: 15 homens agredirem quatro pessoas sem elas terem chances de se defender. Ficamos amedrontados e não nos sentimos mais seguros para estar em qualquer lugar”, afirma uma das vítimas da agressão a homossexuais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante um evento no “palquinho” na madrugada do último sábado, dia 14.
De acordo com o jovem de 25 anos, que prefere ter sua identidade preservada, ele estava com o namorado e outros dois amigos quando foram espancados por um grupo de homens em um local próximo à festa. As quatro vítimas registraram boletim de ocorrência nesta segunda-feira, dia 16.
“Após chegar na festa, fomos até o carro para pegar um cigarro e, ao sair de lá, três garotos nos abordaram e falaram que queriam dois reais. Depois que meu amigo pegou o dinheiro para entregar a eles, um dos rapazes me passou a perna e começou a me chutar. Outros 12 homens estavam escondidos atrás de uma parede e saíram para nos agredir. Chutaram as minhas costas e o meu rosto”, conta a vítima ao Catraca Livre.
Os agressores se dividiram em grupos menores para bater em cada uma das quatro vítimas, mas não roubaram dinheiro ou celulares. Em meio à confusão, o rapaz relata que conseguiu rolar pelo meio deles e sair correndo, mas chegou a ter uma garrafa arremessada em sua direção. Ele encontrou pessoas que estavam nas proximidades para pedir socorro. “Foi quando eles intercederam e conseguiram separar os homens”, afirma.
“Todos nós ficamos com alguns hematomas e o corpo dolorido. Eu caí sobre meu braço e ele teve que ser imobilizado. Mas até agora ninguém tomou providência alguma”, ressalta a vítima. No mesmo dia, outras pessoas também foram agredidas e tiveram objetos roubados.
Segundo o jovem, os comentários após a repercussão do caso foram ainda piores e mais cruéis do que a agressão em si. “Algumas pessoas falaram coisas como ‘dentro da igreja isso não acontece’, ‘provavelmente estavam andando rebolando’ e ‘devem usar drogas’, disseminando ainda mais a homofobia”.
Devido a casos de violência anteriores, como machismo, homofobia e racismo, as festas estavam impedidas pela reitoria de acontecer no “palquinho”, área da Universidade destinada a esse tipo de evento.
UFSCar apura o caso
Em nota, a Administração Superior da UFSCar afirmou que, “após averiguação preliminar de ocorrências registradas durante festa realizada de forma irregular, instalou nesta segunda-feira, dia 16, comissão apuradora que deverá atuar em regime de urgência para que sejam identificadas as responsabilidades pela realização do evento e aplicadas as penalidades previstas no Regimento Geral da UFSCar”.
“Considerando o descumprimento de acordo firmado entre representantes das entidades estudantis e o Conselho Universitário da UFSCar no final do ano passado, que previa a suspensão das festas, a Reitoria reitera que está suspensa a realização desses eventos festivos nas dependências da Universidade”, diz o comunicado.